O desempenho recorde na safra de soja e o aumento na exportação de carne bovina seguraram o impacto da crise da Covid-19 na economia do Centro-Oeste. Apesar de ainda registrar uma contração de 3,5% no trimestre encerrado em maio, ela é menor do que nas outras regiões, como mostra o Boletim Regional do Banco Central divulgado nesta sexta-feira.
O relatório destaca que a região sofreu os impactos mais severos da crise em outros setores, principalmente no comércio e serviços. As vendas, por exemplo, tiveram uma retração de 15,2% no trimestre encerrado em maio. A indústria também registrou queda, porém menos intensa, principalmente por conta do resultado positivo da produção de alimentos.
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Segundo o BC, o impacto menor da crise na região deve ser seguido de uma sustentação no futuro próximo.
A retomada da economia chinesa, a colheita da segunda safra de milho e a resiliência do setor industrial local permanecem sendo elementos de sustentação da atividade econômica na região nos próximos trimestres, aponta o relatório.
De forma geral, o boletim destaca que a economia brasileira foi fortemente impactada pela pandemia, principalmente em abril, com o início de uma lenta recuperação em maio e continuidade de crescimento em junho e julho.
Regionalmente, houve impacto generalizado da pandemia em intensidade relativamente semelhante, com exceção do CentroOeste, que registrou efeitos menos pronunciados,repercutindo particularidades da estrutura produtiva.
Nordeste mais afetado Nos meses de março, abril e maio, a região mais afetada pela crise foi o Nordeste, com uma queda de 8%. O impacto atingiu todas as atividades econômicas, com o setor agropecuário como exceção, devido às melhores condições climáticas que impulsionaram as safras do ano.
O BC também ressaltou o impacto do auxílio emergencial na região, que atingiu 58,9% dos domicílios em julho. Segundo a autoridade monetária, o benefício estimulou o consumo nos municípios de menor renda.
O primeiro quartil da população nordestina que mora em municípios de renda média mais baixa expandiu as compras com cartão de débito em aproximadamente 40% na média de abril a 20 de julho, comparativamente à média de fevereiro a primeira quinzena de março (período pré-crise), enquanto os municípios do último quartil retraíram as compras em 11,9%, em parte refletindo a indisponibilidade de produtos e serviços.
A projeção para a região em 2020 é de uma retração de 7,1%. Segundo o BC, os dados econômicos de junho e julho já apontam para uma recuperação parcial da atividade.
Sudeste e Sul O Sul e o Sudeste, que concentram o setor industrial, também registraram quedas significativas de 6,8% e 6,6%, respectivamente, na comparação com o trimestre anterior. Apenas na indústria, a queda foi de 22,3% no Sul e 14,5% no Sudeste.
Assim como nas outras regiões, a redução nas vendas também foi intensa, de 16% no Sul e 18,8% no Sudeste. No entanto, o boletim ressalta que os números de maio já apresentam um início de retomada para as duas regiões.
Quanto ao mercado de trabalho, o Sul perdeu 313,6 mil vagas e o Sudeste teve 753,9 postos de trabalho eliminados no trimestre encerrado em maio.
No Sudeste, a diminuição de empregos foi concentrada no setor de serviços. No Sul, o fechamento de vagas ocorreu, principalmente nas indústrias de vestuário e calçados, serviços de alojamento e alimentação. Dados dos requerimentos do seguro desemprego mostram queda em junho e início de julho, sugerindo menor ritmo de desligamentos no mercado de trabalho formal em todas as regiões.
No caso específico do Rio de Janeiro, a queda foi de 8% no trimestre encerrado em maio. É a primeira redução depois de cinco trimestres consecutivos de expansão. O resultado foi puxado por um descréscimo de 21,2% no comércio ampliado e de 15,6% nos serviços.
Os dados mais recentes mostra, assim como no restante do país, o início da recuperação. O volumte total de aquisições de bens e serviços por meio do cartão de débito, por exemplo, já atingiu o patamar anterior à pandemia. O BC também destacou o índice de consumo de energia elétrica, que serve como um indicador de que as atividades econômicas estão voltando ao normal.
Outro indicador contemporâneo que sinaliza uma possível recuperação da atividade econômica fluminense é o consumo total de energia elétrica no estado, da CCEE. Em julho, até o dia 10, houve incremento de 5,4% no consumo médio diário de energia, em relação a maio, mês em que o indicador atingiu o menor nível da série.
Norte A crise teve impacto grande no volume de vendas do Norte, com queda de 22,7%, na indústria, 21,3% e no mercado de trabalho, que perdeu 42.270 postos. Apesar de registrar o segundo pior resultado de atividade econômica, com queda de 6,9%, a região deve ser um dos primeiros a se recuperar em conjunto com o Nordeste.
Um dos fatores que pode ajudar na recuperação é o aumento na mobilidade das pessoas no Norte e no Nordeste, segundo o BC. Com mais gente na rua, o comércio e os serviços tendem a melhorar o desempenho.
Essas informações de mobilidade para junho e julho mostram melhora significativa no Norte e, em menor proporção no Nordeste, sinalizando tendência de crescimento mais expressivo nessas regiões nas próximas divulgações.
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