Um trecho de 383 km começa a dar vida à Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, a Fico, projeto planejado há mais de dez anos, mas que, até hoje, só havia produzido pilhas de papéis. Em vez de partir de Campinorte, a Fico terá início na cidade vizinha de Mara Rosa (GO), também cortado pela malha da Ferrovia Norte-Sul, eixo central de ligação ferroviária do País. Seu traçado seguirá até Água Boa, em Mato Grosso. Com isso, abrirá nova rota para o Vale do Araguaia, facilitando o escoamento de grãos para a região produtiva do Mato Grosso que mais cresce nos últimos anos.
A obra foi viabilizada por meio de um contrato firmado com a Vale. Trata-se da contrapartida da mineradora, após conseguir autorização para assinar a renovação antecipada de duas concessões já operadas por suas empresas de logística, a Estrada de Ferro Vitória-Minas, na região Sudeste, e a Estrada de Ferro Carajás, no Maranhão.
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Depois de viver seu complexo de trem-bala, as obras na Fico começam, finalmente, no início de 2021 com investimentos estimados em R$ 2,73 bilhões e prazo de quatro anos para entrega.
Além de investir recursos na própria malha, a Vale irá construir a Fico, uma ferrovia de 383 km de extensão que permitirá abrir nova opção de escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste, diz Marcello Spinelli, diretor executivo de ferrosos da Vale. As obrigações da mineradora incluem ainda a construção de um ramal entre Cariacica e Anchieta, no Espírito Santo, viabilizando a operação até o Porto de Ubu, no litoral capixaba.
A atuação direta do setor privado na construção de novas ferrovias, diz Cláudio Frischtak, sócio gestor da consultoria Inter.B, tem ainda a vantagem de driblar burocracias impregnadas na máquina estatal, além de se distanciar dos esquemas de corrupção que, regularmente, dragam os recursos públicos.
O benefício não se limita ao investimento direto. O modelo de investimento cruzado coloca uma empresa que já atua no setor à frente da execução da obra. Significa agilidade, evita morosidades e fecha as portas, inclusive, para problemas de desvios, como os ocorridos ao longo da história da Valec.
A Vale, por meio de suas empresas de logística, vai construir o primeiro trecho da Fico, mas não será dona do traçado. Vai entregá-lo ao governo, que poderá licitar a nova ferrovia a qualquer companhia interessada em explorá-la comercialmente.
Isso vai gerar nova concessão que pode trazer, como contrapartida, a exigência de se construir mais uma extensão da malha. É assim que vamos viabilizar uma expansão ferroviária sem precedentes na história recente do País, sem um centavo de recurso público, diz o ministro Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura. Até 2025, os 383 km da Fico devem estar operacionais, bem distantes da Cordilheira dos Andes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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