Vagões deixam ES e viajam 1.000 km para serem preservados no interior de SP

Já em cima de caminhão, carro de passageiros deixa local em que estava estacionado para viajar até Sorocaba (Divulgação)

Quatro carros de passageiros fabricados na década de 60 e que estavam encostados há seis anos foram doados para duas entidades ferroviárias e iniciaram uma jornada de mais de mil quilômetros de viagem rumo à preservação.

Os quatro carros, dois de primeira classe e dois de segunda, fabricados pela Mafersa em 1962, estavam em Cariacica (ES), onde foram utilizados até 2014 no trem entre a cidade e Belo Horizonte, uma das duas únicas linhas ferroviárias regulares do país.

A Vale doou os quatro carros à Sorocabana – Movimento de Preservação Ferroviária e à APMF (Associação de Preservação da Memória Ferroviária), que iniciaram o processo de transporte por rodovias na última sexta-feira (30).

A previsão é que o comboio chegue terça-feira (3) a Sorocaba, após percorrer 1.038 quilômetros entre Cariacica e a cidade do interior paulista.

Os quatro carros pertenceram à Estrada de Ferro Sorocabana e eram utilizados no trem superluxo da companhia ferroviária.

As negociações para a transferência dos carros tiveram início em 2017, segundo o presidente da associação sorocabana, Eric Mantuan, e foram concluídas no primeiro semestre deste ano.

Fizemos parceria com a APMF para que os dois carros dela fiquem sob nossa custódia em Sorocaba. Desenvolveremos projeto conjunto para restauração e futura utilização, disse.

Dos quatro vagões, dois estão plenamente operacionais. O terceiro precisa de reparos, enquanto o quarto carro necessita de restauração mais severa.

A história dos vagões é repleta de transferências de donos. Produzidos nos anos 60 para a Sorocabana, nove anos depois passaram a integrar a Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), que surgiu da união de cinco companhias ferroviárias, entre elas a Sorocabana.

Nos anos 90, deixaram de pertencer à estatal paulista e foram transferidos à RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.), que assumiu o espólio ferroviário de São Paulo em negociação entre os governos estadual e federal.

Em 2002, eles foram transferidos para a Vale, que usou nos anos seguintes os carros de passageiros no trem entre Espírito Santo e Minas Gerais, situação que ocorreu até 2014, quando foram retirados de operação devido à modernização da frota.

Segundo Mantuan, os carros recuperados deverão ser utilizados no trem entre Sorocaba e Votorantim, principal projeto da associação sorocabana. Com os dois vagões, o acervo da entidade agora é composto por 11 carros de passageiros, dos quais um está totalmente restaurado. Um segundo está com o restauro adiantado.

A transferência dos carros ocorre pouco mais de um mês após um resgate histórico de três locomotivas que deixaram o pátio da Luz, em São Paulo, para serem levadas a Cruzeiro (a 219 km da capital), onde serão preservadas.

A epopeia foi vista por integrantes de movimentos de preservação como um dos maiores feitos já registrados no setor no país, por salvar de uma só vez três locomotivas e por elas terem sido transferidas para o local em que serão restauradas pelos próprios trilhos.

As máquinas, fabricadas entre as décadas de 40 e 50, estavam abrigadas no depósito da Luz desde 2008. Duas delas foram produzidas pela General Electric e utilizadas inicialmente pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, outra das empresas que originaram a Fepasa. Ficaram nos trilhos até 1998.

A outra é uma máquina inglesa, que permaneceu nos trilhos até 1996, fabricada pela English Electric e que foi usada inicialmente pela antiga EFSJ (Estrada de Ferro Santos-Jundiaí).

Fonte: https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/11/01/vagoes-deixam-es-e-viajam-1-000-km-para-serem-preservados-no-interior-de-sp/

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