Redução de passageiros durante a pandemia gera prejuízo de R$ 2,6 bilhões para sistema de transporte de SP

O secretário Alexandre Baldy durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. — Foto: Divulgação/GESP

G1 – Na semana em que o primeiro caso confirmado do novo coronavírus completará um ano na sexta-feira (26), o número de passageiros que utilizam diariamente os ônibus na capital paulista e o sistema metropolitano de Transporte, formado por metrô, trens e coletivos intermunicipais, ainda está muito abaixo do registrado antes da pandemia.

Manter ônibus, metrô e trens operando com poucos passageiros, e até quase vazios, dependendo do horário, tem forte impacto nas contas públicas tanto da prefeitura quanto do governo do estado. Só em 2020, o prejuízo foi de R$ 2,6 bilhões. Para este ano, o governo do estado já prevê R$ 750 milhões para cobrir o valor que deverá deixar de ser arrecadado com a tarifa no sistema metropolitano.

De acordo com a SPTrans, empresa municipal que gerencia o transporte na cidade de São Paulo, atualmente, em dias úteis, a demanda no sistema representa 61% daquela verificada antes do início da pandemia da Covid-19. Na prática, de lá para cá, a quantidade de pessoas transportadas, por dia útil, caiu de cerca de 3,3 milhões para aproximadamente 2 milhões.

Já nos trens do metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e nos ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), a demanda atual, na média das três empresas, representa 47% do que era antes do início da pandemia.

Demanda atual de passageiros em comparação com o período pré-pandemia

61% (ônibus da capital paulista)

47% (trens e metrô)

Fontes: SPTrans e secretaria estadual dos Transportes Metropolitanos

Contas públicas
Em entrevista à GloboNews, o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, explica que, em 2020, foi utilizado R$ 1,6 bilhão para cobrir o déficit provocado pela queda do número de passageiros no sistema metropolitano.

“É importante registrar que o metrô, em toda a sua história, sempre foi uma empresa independente nos últimos tempos. Ele consegue através da cobrança da tarifa, do bilhete, suportar, pagar as suas contas. Desde que começou a pandemia, até o momento, o metrô não consegue as despesas do seu custo, não é investimento, é só o custo de operação, com a tarifa, com a passagem. Portanto, o governo do estado, através do imposto que todo cidadão do estado de SP paga, ele coloca o recurso do imposto no sistema de transporte público, seja no metrô, seja na CPTM, seja nas operações de ônibus da EMTU. Para que nos consigamos manter a normalidade, manter as operações, e, é claro, manter a frota completa quando é necessário, quando há demanda”, explica Baldy.

Para este ano, o secretário estima que serão necessários cerca de R$ 750 milhões para cobrir o que deverá deixar de ser arrecadado com a cobrança da tarifa, dada a baixa demanda persistente no sistema.

“Todo esse investimento, no ano passado, foram mais de 1 bilhão e 600 milhões, como, neste ano, a expectativa de pelo menos 750 milhões, são impostos que a cidadã, o cidadão de SP de todo o estado de SP, e que o governo do estado investirá no transporte público, assim como investiu, para que a gente possa continuar transportando as pessoas, e que poderia estar sendo investido em novas plataformas, novo sistema, ampliações do metrô, e sobretudo outras áreas que o governo do estado faz, como saúde, educação, segurança pública, e tantas outras áreas, que o governo tem como atribuição.”

Já na prefeitura da capital, o subsídio previsto para 2020, de R$ 2,2 bilhões, saltou para R$ 3,3 bilhões, em razão da baixa demanda nos ônibus municipais da cidade de São Paulo. De acordo com a Secretaria Municipal da Fazenda, houve, no ano passado, uma suplementação de R$ 1 bilhão.

No caso dos ônibus da capital, não se pode dizer que a pandemia causou um “rombo” de R$ 3,31 bilhões, já que, diferentemente do que ocorre com o metrô de São Paulo, o pagamento de subsídios bilionários para cobrir a operação do sistema municipal é algo que sempre ocorreu e sempre é previsto como importante item do orçamento da prefeitura.

O prejuízo total no sistema de transporte em 2020 é de R$ 2,6 bilhões (R$ 1,6 bilhão do governo do estado e R$ 1 bilhão da prefeitura).

Diferentemente do governo do estado, a prefeitura ainda não tem uma estimativa para o quanto terá de pagar de subsídio ao longo deste ano em razão da baixa demanda de passageiros.

“Ainda não é possível determinar a variação no custo do sistema e na arrecadação ao longo do ano ou a necessidade de complementar o subsídio, tendo em vista que ainda estamos no início do ano e existem diversos fatores em andamento com relação à pandemia e como eles afetarão o comportamento da demanda de transporte público”, explicou em nota a SPTrans.

Déficit no transporte público de SP em 2020
Prefeitura de SP – R$ 1 bilhão
Governo de SP – R$ 1,6 bilhão
Total – R$ 2,6 bilhões
Fontes: Secretaria Municipal da Fazenda de SP e Secretaria dos Transportes Metropolitanos

Abaixo do normal
De acordo com o secretário Alexandre Baldy, o aumento da demanda no setor está diretamente associado ao avanço da vacinação contra a Covid-19. No entanto, ele não espera que, no curto prazo, o sistema volte a operar com 100% da demanda que registrava no período pré-pandemia.

“Acredito que teremos uma redução. Deverá ser uma queda entre 10% e 15%, que são aquelas pessoas que permanecem como grupos de risco e, efetivamente, terão ainda receio de utilizar o sistema transporte público até que haja a efetiva e completa segurança sobre o combate, sobre a vacina e, é claro, sobre a vida das pessoas”, explicou o secretário.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/02/24/reducao-de-passageiros-durante-a-pandemia-gera-prejuizo-de-r-26-bilhoes-para-sistema-de-transporte-de-sp.ghtml

1 Comentário

  1. O subsidio que o Governo do Estado está dando aos sistemas metroviários, ferroviário e dos ônibus intermunicipais será de R$ 1,6 bilhão e o da prefeitura da Capital para o sistema de ônibus de R$ 3,3 bilhões, quase o dobro.
    É uma pena, deveríamos está direcionando para esses sistemas parte dos recursos por eles gerados como fazem nações desenvolvidas como os EUA e Canadá aonde os usuários pagam em média 32,5% do custo. TEMOS QUE MUDAR A FORMA COMO TRATAMOS A MOBILIDADE URBANA.

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