Pacotão de infraestrutura: leilão da Cedae pode viabilizar obras como reativação do Teleférico do Alemão e metrô na Baixada

O Globo – Obras aguardadas por moradores do Rio podem, finalmente, sair do papel graças ao dinheiro obtido com a concessão da Cedae. O governo do estado anunciará hoje um pacote de R$ 17 bilhões de investimentos em três anos. A maior parte deste valor — aproximadamente R$ 10 bilhões — saiu do leilão da companhia de saneamento realizado em abril. Entre os mais de 50 projetos incluídos no chamado Pacto RJ, que será detalhado pelo governador Cláudio Castro (PL), estão obras de infraestrutura de grande porte, como a criação de uma linha de metrô em superfície com 23 quilômetros que cortará a Baixada Fluminense.

A capital também receberá obras para melhorar a mobilidade. A proposta é implantar uma faixa para veículos com quatro quilômetros de extensão, da Pavuna, na Zona Norte, à Avenida Brasil, o que desafogará o trânsito da Via Light. Boa notícia também para os moradores do Complexo do Alemão, onde o teleférico — parado desde 2016 — deve ser recuperado e voltar a circular. Do outro lado da Baía de Guanabara, um corredor exclusivo para ônibus, com 13,5 quilômetros, ligará o bairro de Neves, em São Gonçalo, ao Centro da cidade da Região Metropolitana.

De acordo com projeções feitas pelo Palácio Laranjeiras, o pacote deve gerar mais de 150 mil empregos, diretos e indiretos, e se estender até 2023. Além dos R$ 10 bilhões referentes à verba obtida com a venda da Cedae e investimentos em infraestrutura feitos pelas concessionárias vencedoras do pregão, outros R$ 2,5 bilhões em obras de meio ambiente serão financiados pela parte da Cedae que continua sob o comando do estado, enquanto R$ 4,5 bilhões serão bancados pelo caixa do governo ao longo dos próximos três anos.

A expectativa é de que até 80% dos projetos sejam inaugurados até 2022, ano eleitoral. Para o interior, por exemplo, está prevista a revitalização de 882 km de estradas. Apenas este projeto deve gerar 11 mil empregos. O pacote também engloba a construção de cinco mil moradias populares e a reforma de 60 conjuntos habitacionais — o que deve beneficiar cerca de 40 mil famílias.

Cieps com internet

Na área da educação, devem ser reformados 50 Cieps, que vão ganhar acesso à internet. Outras 11 escolas — sete delas no Rio e outras quatro em Rio das Ostras, Cabo Frio, Búzios e Macaé — também serão construídas. Projetos que já vinham sendo debatidos no estado também constam da lista apresentada pelo governo. Os agentes da área de segurança, por exemplo, vão utilizar câmeras acopladas aos seus uniformes, durante as operações. Os valores gastos com esses equipamentos, já em fase de licitação, também serão pagos com o montante incluído no Pacto RJ.

O projeto do estado também deve tornar realidade o novo Museu da Imagem e do Som (MIS), na Praia de Copacabana. Paradas desde 2016, as obras devem ser retomadas no fim deste ano. A previsão é que o espaço que guarda um histórico acervo audiovisual abra as portas ao público no início de 2023. A conclusão foi orçada em aproximadamente R$ 54 milhões.

Ao GLOBO, o governador afirmou que o Pacto RJ permitirá a geração de empregos necessária para o “enfrentamento à pobreza”.

— Trata-se de um pacto pelo crescimento econômico, pela geração de empregos, pelo enfrentamento à pobreza. Um pacto em nome de um futuro que seja melhor para todos nós — disse Castro, que será candidato à reeleição. — Esse pacote foi elaborado com mais de 50 ações que mudarão a paisagem do nosso estado. Não há uma cidade sequer que não esteja contemplada — completou.

O economista Cláudio Frischtak, da Inter B. Consultoria, torce para que o planejamento das obras seja cumprido e que o estado não perca a oportunidade de alavancar avanços.

— Historicamente, a governança dos recursos administrados pelo poder público do Rio de Janeiro é muito frágil. Temos um histórico de desperdício do dinheiro público inegável. Precisamos, neste momento, ser muito cuidadosos ao avaliar essas obras, o planejamento, a programação, o projeto, a execução e a entrega. É necessário, também, avaliar os critérios usados para a escolha desses projetos, especificamente. Tomara que todas elas tragam retorno social e, de fato, saiam do papel e que não estejamos desperdiçando os recursos obtidos com a venda da Cedae, como já vimos acontecer em outras ocasiões — disse.

Contratos assinados

O governo estadual e a Iguá assinaram, na manhã de ontem, o contrato de concessão do bloco 2 da Cedae. Arrematado por R$ 7,286 bilhões, o lote regional foi o segundo mais valioso do leilão realizado em abril e engloba 19 bairros da Zona Oeste da capital, além de outros dois municípios. A melhoria do sistema lagunar da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá foi o principal foco dos pronunciamentos do governador Cláudio Castro e de representantes da empresa.

Castro chegou a afirmar que o governo pode ajudar a concessionária, com dinheiro, para fazer a despoluição das lagoas, caso os R$ 250 milhões previstos no edital de licitação sejam insuficientes.

— Tudo que for para melhorar o nosso ambiente, se o valor em concessão for insuficiente, o estado vai entrar junto. Se o dinheiro não der para limpar o complexo lagunar todo, o estado vai entrar junto — repetiu.

Na última segunda-feira, o governo assinou os contratos dos blocos 1 e 4 do leilão, arrematados pela concessionária Aegea. O bloco 3 (do qual faziam parte 22 bairros da Zona Oeste da capital e mais seis municípios), que não atraiu propostas, está sendo reformulado e voltará a ser licitado no fim do ano. O novo valor da outorga mínima deve chegar a R$ 3 bilhões, com a inclusão de novas cidades. Castro definiu as assinaturas de contratos como “divisores de água”. O leilão da Cedae, realizado em abril, arrecadou R$ 22,6 bilhões. O valor superou a expectativa de arrecadação inicial, que era de R$ 10,6 bilhões.

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/pacotao-de-infraestrutura-leilao-da-cedae-pode-viabilizar-obras-como-reativacao-do-teleferico-do-alemao-metro-na-baixada-1-25153501

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