Fiol acelera desenvolvimento do setor mineral baiano

ANTÔNIO CARLOS TRAMM
Presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral

A disputa pelo terceiro lugar no ranking dos maiores estados produtores de minério no país está cada vez mais acirrada. A Bahia vem lutando por esse espaço, e a conclusão da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) é o grande passo que consolidará essa posição em definitivo. Com exceção das pedras preciosas, não dá pra fazer mineração sem um modal ferroviário/portuário que funcione. Para a exploração de minério de ferro, por exemplo, é imprescindível que exista uma malha ferroviária que vá da região onde está a jazida até um porto para escoamento.

Neste sentido, o leilão do trecho 1 da Fiol representou um marco no desenvolvimento baiano deste século. Uma das obras mais importantes do Brasil e da Bahia, a ferrovia constitui-se em um importante corredor de escoamento de minério do sul do estado e de grãos do oeste baiano. Com 537 km de extensão, o empreendimento está dividido em três trechos, ligando Ilhéus/BA a Figueirópolis/TO e deve gerar 55 mil empregos diretos e indiretos. Os trilhos desta primeira etapa vão de Caetité ao Porto Sul, em Ilhéus, e contribui para colocar o nosso estado no seleto grupo de exportadores nacionais de minério de ferro, commodity que representa aproximadamente 4% do PIB brasileiro.

Só a carga estimada pela Bahia Mineração (Bamin) deve ocupar um terço da capacidade da ferrovia, desenvolvendo toda cadeia produtiva ao redor da mineradora, incrementar salários na economia local, dentre outros benefícios. Esse trecho consolida três pilares fundamentais para o crescimento: mineração, agronegócio e logística. Estamos encurtando a distância entre o presente e o futuro do desenvolvimento da Bahia e do país.

O segundo trecho da estrada férrea, que vai até Barreiras, extremo oeste do estado, permitirá o escoamento, dentre outros, do algodão e do agronegócio da região, além da madeira de Conquista. Por fim, a terceira parte, ainda em projeto, vai ligar a Fiol à Ferrovia Norte-Sul, integrando a Bahia à espinha dorsal do sistema ferroviário brasileiro e permitindo o escoamento de grãos vindos do centro do país para o Porto Sul.

Para além do mar, existe uma ideia em consenso entre o governo e o setor da mineração, que é a necessidade de interiorizar a Bahia. Através da ligação entre ferrovias e portos, conectamos os municípios, ação que tem como objetivo garantir o desenvolvimento do estado como um todo. Um grande impulsionador deste desenvolvimento é a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), contribuição paga pelas mineradoras aos municípios com produção mineral. O funcionamento pleno da Fiol recolherá de R$ 500 a 600 milhões em CFEM, um dinheiro novo, que pode ser aplicado pelas prefeituras em áreas como educação, saúde, transporte e segurança.

Se considerarmos as jazidas minerais já localizadas e identificadas na região de Caetité, além de todo o trabalho de prospecção que a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) está fazendo nos 100 km no entorno dos trilhos, mais o transporte da produção do agronegócio que virá de Barreiras, vamos ver que rapidamente haverá necessidade de ampliar a sua capacidade de transporte. Hoje nosso estado é o maior produtor de níquel, cromo, diamantes, segundo maior de esmeraldas, terceiro em cobre e o quarto maior produtor de ouro do país.

A ligação entre a Fiol e o Porto Sul impulsiona não só a diversificação mineral, como também viabiliza a tão sonhada Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Ilhéus, ao possibilitar que outros projetos aproveitem a sua infraestrutura . É um legado que ficará para as próximas gerações.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*