G1 – Entidades ligadas ao setor ferroviário emitiram uma carta aberta apontando 16 inconsistências na mudança proposta pelo governo para a troca do modal de transporte entre Cuiabá e Várzea Grande, do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para o Ônibus de Trânsito Rápido (BRT).
Segundo elas, o BRT não passa de uma faixa para transporte público e que custaria R$ 340 milhões a mais do que foi orçado pelo estado.
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O governo de Mato Grosso contesta as alegações das entidades, reafirma o valor da tarifa em R$ 3,04 e questiona a metodologia usada do estudo.
Segundo as entidades, o VLT seria o melhor modal para resolver o problema do transporte de pessoas entre as duas maiores cidades de Mato Grosso. Argumentam ainda que o VLT atrapalharia menos o trânsito de veículos automotores.
Outro ponto destacado pelas entidades é o fato do governo ainda não dispor de projetos básico e executivo para a implantação do BRT e mesmo assim ter defendido a mudança de modal. As entidades e o consórcio construtor alegam que o VLT já possui as licenças necessárias para construção e também já contam com projeto básico e executivo da obra.
A construção do VLT de Cuiabá já custou R$ 1,066 bilhão aos cofres do estado de Mato Grosso. O BRT foi proposto como uma alternativa mais barata. O governo estima que a obra vai custar R$ 480,5 milhões. Entretanto, as entidades ligadas ao setor ferroviário dizem que o a obra custará R$ 820 milhões e que a tarifa será de R$ 5,70 e não de R$ 3,04. Segundo as entidades, a estimativa é de que a tarifa do VLT seria de R$ 4,40.
A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) reafirmou que o valor da tarifa previsto para o BRT é de R$ 3,04, valor inferior a estimativa para VLT que é de R$ 4,40. Destacou que ao contrário do que foi apresentado pelas entidades, a aquisição dos veículos e das baterias são investimentos realizados pelo estado e o seu valor não será repassado ao usuário do transporte, não interferindo no valor da tarifa.
Por último, as entidades dizem que o BRT não ficaria pronto em 24 meses, mas sim em 50 meses, ou seja, a população não poderá usar em meados de 2025, como o prometido pelo governo.
Segundo o governo, o estudo apresentado pelas entidades não expõe metodologias de cálculo em relação aos custos do BRT e do VLT.
A contratação da empresa construtora do novo modal foi aberta pelo governo do estado com previsão de pregão para janeiro. No entanto, houve a suspensão temporária da licitação devido à pandemia da Covid-19. A abertura das propostas está marcada para o dia 17 de março.
A obra
O projeto de construção do BRT foi lançado em substituição ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), obra prometida para a Copa do Mundo de 2014 e que não ficou pronta até hoje. A licitação em andamento prevê a construção de dois corredores, um ligando a cidade de Várzea Grande ao CPA e outra linha do Coxipó ao Centro de Cuiabá.
A licitação prevê que a empresa vencedora irá construir 46 estações e três terminais, bem como ciclovia, parque linear e replantio de árvores.
Dentro do valor da obra ainda está inclusa a construção de um viaduto para passagem do BRT na rotatória das avenidas Fernando Corrêa da Costa e Beira Rio, uma nova ponte sobre o Rio Coxipó, a criação de um parque linear na Avenida do CPA, a requalificação do Largo do Rosário e demais adequações no trânsito.
Segundo o governo, além disso, todas as obras de infraestrutura realizadas anteriormente para o VLT serão aproveitadas.
Entre as vantagens do BRT, segundo o estado, estão tarifa mais acessível em relação à do VLT, a possibilidade de expansão para outras regiões e custo menor de construção.
Além disso, os demais ônibus de Cuiabá e Várzea Grande poderão utilizar o novo corredor, trazendo melhorias para a mobilidade urbana da região, argumenta o governo.
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