G1 – Após a concessão para a Via Mobilidade, os trens das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda tiveram mais problemas em 42 dias do que em todo o ano de 2021. Desde 27 de janeiro, quando a concessionária assumiu as linhas, que eram operadas pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), foram 14 problemas na linha 9, além de 10 falhas na linha 8.
As falhas registradas em 42 dias equivalem a mais de um problema a cada dois dias. No ano passado inteiro, a 8-Diamante teve 3 registros, e a 9-Esmeralda, 12 ocorrências, segundo levantamento da TV Globo.
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Nesta quinta-feira (10), um trem da Linha 8-Diamante colidiu com uma barreira de proteção na estação Júlio Prestes. Duas pessoas receberam atendimento no local e foram encaminhadas a um hospital para avaliação.
Além disso, também nesta quinta, um funcionário morreu eletrocutado enquanto realizava manutenção de rotina em um equipamento da Linha 9-Esmeralda.
Na mesma linha, outra falha foi registrada nesta quinta na região de Osasco: os trens circularam mais devagar devido a roubo de fios. Na quarta (9), um trem da Linha 8-Diamante parou perto da estação Barra Funda, e os passageiros tiveram que pular dos vagões e andar na via.
A sucessão de falhas causou indignação entre os passageiros, que esperavam uma melhora no serviço após a concessão à iniciativa privada.
O presidente da divisão de mobilidade do grupo que administra as duas linhas disse que está investigando os acidentes e prometeu investimentos no serviço.
“A concessionária previu, durante o processo de licitação, executar R$ 3,8 bilhões em investimento nos próximos anos, a maior parte já no primeiro ano justamente para que a gente traga qualidade. A população vai perceber melhoria ao longo do tempo, já que vai ser um investimento grande a ser executado nos próximos anos”, disse Márcio Magalhães Hannasá.
Falhas após privatização
A Promotoria de Justiça do Consumidor do Ministério Público anunciou que vai apurar os impactos que essas falhas têm tido na vida dos passageiros.
Para o diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella, os acidentes e o aumento no número de falhas nas linhas exigem uma resposta do governo do estado, que tem a obrigação de fiscalizar a ViaMobilidade.
“É difícil saber o que está acontecendo porque eles entraram e já deveriam ter mapeado todas as dificuldades. Não tem mágica para fazer de uma hora para a outra, é preciso alguns investimentos, situações que vão levar tempo para acontecer”, disse Quintella.
“Cabe agora ao poder concedente fazer fiscalização por intermédio de alguma estrutura, ou comissão, ou uma agência reguladora que venha atuar in loco, fazendo monitoramento, gerando indicadores, o tempo todo”, completou.
Quem usa os trens metropolitanos dessas linhas espera por essa melhora.
“Tinha que melhorar. Se tá mudando, tem que melhorar. Mudar para ficar na mesma ou pior não adianta. Então espero que essa nova empresa melhore”, disse Maria Neusa Marques, usuária das linhas concedidas.
O presidente Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana, que representa os funcionários das duas linhas, disse estar preocupado com esse começo da nova gestão.
“A CPTM tinha em torno de 2 mil funcionários aqui nas linhas 8 e 9 e a média de trabalho deles era acima de 10 anos de trabalho. Em três, quatro meses, você não consegue qualificar a contento os funcionários novos que entraram. Sempre alertamos isso à CPTM e ao próprio governo do estado”, disse José Claudinei Messias.
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