Valor Econômico – Maior produtora e exportadora de papéis de embalagem do país, a Klabin conseguiu driblar a pressão inflacionária no primeiro trimestre e alcançou resultados que a colocam no caminho de registrar, em 2022, o 13º ano consecutivo de crescimento. “O primeiro trimestre foi marcado por boa demanda e isso permanece. Os fundamentos de mercado seguem positivos em celulose e em papel”, disse ao Valor o diretor financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Marcos Ivo.
Na esteira de aumentos de preço em todos os negócios nos últimos trimestres, a Klabin teve receita líquida de R$ 4,42 bilhões, com alta de 28% na comparação anual a despeito da queda de 1% no volume de vendas. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado no trimestre ficou em R$ 1,73 bilhão, 35% acima do verificado um ano antes, e o lucro líquido da controladora cresceu 165%, a R$ 984,3 milhões.
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Além da manutenção das condições favoráveis nos mercados em que atua e da sazonalidade positiva no segundo semestre, o fato de a companhia ter superado o momento mais complexo do ano do ponto de vista industrial, com as paradas programadas bem sucedidas em Puma I e Monte Alegre, contribui para a percepção de que os resultados tendem a ser crescentes nos próximos trimestres.
No mercado doméstico a demanda segue “morna”, seguindo a dinâmica da economia brasileira
Para o Itaú BBA, os números de janeiro a março foram fortes e em linha com o esperado, e a expectativa é que sejam ainda melhores no trimestre em curso, na esteira da valorização da celulose, dos volumes de venda mais fortes e de gastos menores com paradas para manutenção.
Conforme Ivo, no mercado global de celulose, em particular na fibra longa e fluff, a oferta segue limitada e os preços atuais, que carregam aumentos anunciados nos últimos meses, são os mais elevados da história. O mercado de papel cartão também segue apertado e, no kraftliner, os preços também estão rodando em níveis históricos. “Esse cenário que estava presente no primeiro trimestre segue no segundo trimestre”, acrescentou.
Mas a pressão de custos também permanece e a Klabin não vê sinais de reversão da trajetória de alta no curtíssimo prazo. Químicos e combustíveis, de onde vem a maior pressão para o custo caixa de produção de celulose, continuam elevados.
Já o maior consumo de madeira de terceiros, que também contribuiu para o aumento de 66% do custo caixa, a R$ 1.291 por tonelada de celulose sem considerar o efeito de R$ 317 por tonelada das paradas para manutenção, vai se manter durante os primeiros sete anos (primeiro ciclo) do projeto Puma II, conforme a companhia já havia indicado. Para o Goldman Sachs, os custos da madeira devem seguir em alta e impactar os ganhos em pelo menos 10% neste ano.
“No primeiro trimestre, os reajustes compensaram a valorização do real e as pressões de custo”, ponderou Ivo. A Klabin manterá a estratégia de repasse desses aumentos ao preço de seus produtos. Na celulose, cujo volume de vendas foi afetado pela parada na unidade Puma, o BTG Pactual chamou a atenção para o aumento de 9% nos preços realizados na comparação trimestral, com US$ 699 por tonelada de fibra curta (acima da média na China) e US$ 980 por tonelada de fibra longa e fluff.
No mercado doméstico, conforme o diretor da Klabin, a demanda segue “morna”, acompanhando a dinâmica da economia brasileira. Nos três primeiros meses do ano, a companhia direcionou maior volume de produção ao mercado externo para driblar o consumo interno mais fraco, beneficiando-se dos preços elevados de boa parte de seus produtos no mercado internacional.
Reajustes também deram suporte ao desempenho nesses negócios. Na comparação anual, o preço líquido das embalagens de papelão ondulado e sacos vendidos pela companhia subiu 30%, a R$ 5.820 por tonelada. Frente ao quarto trimestre, a alta foi de 3%.
Em papéis, a receita trimestral totalizou R$ 1,55 bilhão, alta de 62% na comparação anual e de 8% ante o quarto trimestre. Frente aos três últimos meses de 2021, o preço líquido dos papéis vendidos pela Klabin subiu 11%, a R$ 4.918 por tonelada. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, o aumento foi de 31%.
A companhia já executou 32% das obras da segunda máquina de papel do projeto Puma II, cujo início de operação está mantido para o segundo trimestre de 2023. Prazo e orçamento estão dentro do previsto, disse Ivo.
Mesmo com os investimentos em curso, a alavancagem financeira, que em dólar recuou de 2,9 vezes em dezembro para 2,7 vezes em março, não é fator de preocupação para a Klabin. Até março, o resultado operacional (Ebitda) anualizado que compõe esse índice só incorporava dois trimestres de operação da primeira máquina de papel de Puma II e vai ser impulsionado à medida que os trimestres mais antigos deixem de compor o cálculo.
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