G1 – Após mais um dia de falhas com transtorno para passageiros na Linha 9-Esmeralda, o governador de São Paulo Rodrigo Garcia (PSDB) afirmou nesta terça-feira (24) que não vê necessidade para o rompimento do contrato entre a CPTM e a ViaMobilidade de concessão da linha.
As sucessivas falhas desde que a empresa assumiu a administração das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda motivaram duas investigações no Ministério Público de São Paulo. Segundo a promotoria, o rompimento pode ser pedido.
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“Não acredito que o rompimento é o melhor caminho. Acredito que é a concessão, com os investimentos da Via Mobilidade para rapidamente melhorar o atendimento da população”, afirmou Garcia nesta terça.
Apesar dos problemas quase diários, o governador estipulou prazo de um mês para que a questão seja resolvida.
“Já determinei ao secretário não só as multas, mas buscar soluções para os problemas que estamos vivendo. A transição de milhares de funcionários entre a CPTM e a ViaMobilidade gera essa confusão. Mas até o mês que vem a minha expectativa é que os problemas estejam sanados, os investimentos comecem a acontecer, e a população perceba uma melhora significativa nos serviços.”
Falhas nesta terça
Os trens da Linha 9-Esmeralda operaram com a velocidade reduzida e maior tempo de parada na manhã desta terça. Segundo a ViaMobilidade houve um problema de sinalização na estação Grajaú.
O problema deixou os trens lentos entre as estações Grajaú e Jurubatuba. As plataformas ficaram lotadas. “A gente paga tão caro na condução para estar nessa situação? Pelo menos quatro vezes na semana está assim. Trabalho no Tatuapé e meu percurso de 1h30 chega a levar 2, 3 horas”, desabafou uma usuária da linha.
Além disso, a estação Grajaú também teve problemas na escada rolante. Os avisos sonoros também não informavam os usuários sobre as falhas e mudanças nas plataformas.
De acordo com a Via Mobilidade, o problema aconteceu entre 5h e 7h45 da manhã, quando a operação teria sido normalizada.
Segundo levantamento feito pela TV Globo, as linhas 9-Esmelda e 8-Diamante já apresentaram 62 falhas desde que a ViaMobilidade assumiu a gestão, em janeiro deste ano. O montante representa uma falha a cada dois dias, em média.
A Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo (STM) já multou a ViaMobilidade em R$ 7,9 milhões por não cumprimento contratual. A ViaMobilidade afirma que uma auditoria independente contratada pelo próprio governo identificou 15 mil pontos que poderiam ser melhorados nas linhas recebidas da CPTM.
Ministério Público investiga
O Ministério Público de São Paulo pode pedir o rompimento de contrato de concessão da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) com a ViaMobilidade para administração das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda após sucessivas falhas.
A concessionária assumiu a gestão no fim de janeiro. Desde então, o MP abriu duas linhas de investigação para investigar os problemas nas duas linhas. Uma pela Promotoria do Patrimônio Público e outra pela Promotoria do Consumidor.
Dois depoimentos foram colhidos na semana passada, sendo um deles do diretor de Operação e Manutenção da CPTM. Luiz Eduardo Argenton foi questionado sobre a informação de que a CPTM entregou a administração das linhas com 65% da frota de trens com a revisão vencida.
Argenton afirmou que os 55 trens entregues para a ViaMobilidade estavam em condições de circulação, e que foram feitas 99,4% das revisões programadas nos últimos cinco anos. Disse ainda que o percentual mínimo de trens não revisados constou no edital e no contrato. E que nenhum trem apresentava problema que afetasse a segurança em sua operação. O diretor da CPTM afirmou também que a concessionária participou da checagem dos sistemas e dos trens.
Os promotores também ouviram Francisco Pierrini, diretor-presidente da ViaMobilidade. Ele disse que a concessionária teve conhecimento de que 65% dos trens vieram de outras linhas, ou seja, foram substituídos ao longo da fase pré-operacional.
Falou também que ele não tinha informações sobre possíveis revisões vencidas em trens entregues pela CPTM. Mas acredita que nenhum trem tenha problemas de segurança a ponto de causar acidentes graves. E afirmou que os problemas ocorridos nos últimos meses serão resolvidos com investimentos.
Os promotores estão convencidos da falta de experiência da empresa na operação das duas linhas e querem que os problemas sejam resolvidos rapidamente, sob pena de medidas drásticas, como o rompimento do contrato
“As duas promotorias que estão apurando poderão pedir indenização por danos aos usuários e ao estado. Se for preciso, vamos pedir até a rescisão judicial desse contrato”, disse Silvio Antonio Marques.
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