Rumo é multada em R$ 90 mil por derramamento de soja em rio em São Vicente

G1 – A concessionária ferroviária Rumo foi multada em aproximadamente R$ 90 mil pela Prefeitura de São Vicente, no litoral de São Paulo. Segundo informado pela administração municipal nesta terça-feira (11), a autuação foi aplicada após a denúncia sobre a morte de uma grande quantidade de peixes no Rio Boturoca. Para moradores, a água está contaminada pela soja que cai na linha férrea.

Em nota, a Rumo afirmou que os crescentes furtos de carga e vandalismo em vagões prejudicam a limpeza do local (leia mais ao final). De acordo com a Prefeitura, a Secretaria do Meio Ambiente (Semam) foi informada sobre o incidente e, junto com a Guarda Civil Ambiental, autuou a concessionária.

Além disso, os órgãos municipais também solicitaram uma vistoria em conjunto com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).

A reportagem entrou em contato com a Cetesb e com o Ibama, para obter mais informações sobre a vistoria e quais as possíveis punições caso fique comprovada a contaminação do rio pelos grãos, porém, até a última atualização desta matéria as organizações ambientais não haviam respondido a solicitação.

Sobre a denúncia

Moradores que vivem às margens do Rio Boturoca, em São Vicente, denunciaram a morte de uma grande quantidade de peixes. Imagens enviadas ao g1 mostram os animais mortos e boiando na água. De acordo com Manoel Brito, de 46 anos, a região da Estrada de Paratinga e os bairros Gleba e Sítio Acaraú ficam parecendo ‘chiqueiro de porco’ por conta dos grãos que caem dos trens e ficam espalhados. Brito acrescentou que a soja apodrece e acaba no rio, contaminando a água.

Moradores denunciam morte de peixes em rio no litoral de SP

Vídeos gravados por colegas de Brito e encaminhados à reportagem mostram a condição do trecho e vários peixes mortos. Nas imagens, os moradores comentam que os grãos ‘fedem demais’ e o ‘cheiro é insuportável’. Além de prejudicar o meio ambiente, o denunciante ressalta que a situação causa transtornos aos moradores e aos turistas que frequentam as cachoeiras próximas ao local. (veja o vídeo acima)

“Está degradando a via pública e o meio ambiente. Virou um verdadeiro pântano de soja que escorre para o rio, matando os peixes e toda a fauna e flora da marta atlântica no Paratinga. […] Decadência e abandonado”, narrou no vídeo.

Soja é responsável por mortes?

Apesar dos moradores acreditarem que a água esteja contaminada pela soja derramada dos vagões que passam pela linha férrea, o biólogo marinho Eric Comin explicou à reportagem que não é possível afirmar que o produto seja o responsável pela morte dos animais, já que é uma fonte de proteína para algumas espécies de peixes.

“Não dá para culpar a soja. Mas, de repente, um aumento da densidade demográfica ou um despejo de forma irregular de esgoto doméstico […]. Para gente saber ao certo o que foi, teria que ser feito uma autopsia para ver se tem algum tipo de ingestão de produto, pegar uma parte dele e ver se tem contaminação por alguma substância”, explicou o especialista.

Rumo

Em nota, a Rumo afirmou que a concessionária e o setor ferroviário estão sofrendo frequentes ataques de uma rede criminosa que saqueia cargas e vandaliza trens das empresas ferroviárias. Essas ações, segundo a corporação, afetam não apenas as empresas, mas também o fluxo de escoamento da produção no Porto de Santos, no litoral de São Paulo, e a economia do País, além da segurança da comunidade do entorno da operação ferroviária.

A concessionária explicou que os grãos são derramados durante as tentativas de roubo, e que ela tem mantido equipes na região próxima à Estrada Paratinga para limpeza da área e com o intuito de preservar o meio ambiente, minimizar eventuais impactos para a comunidade.

“Os trabalhos desses times foram intensificados, principalmente próximo aos corpos hídricos, de forma que mais de 120 pessoas têm trabalhado para atender a demanda. No entanto, os recorrentes casos de vandalismo dificultam a execução rápida da limpeza. A empresa também realizou uma vistoria conjunta com órgãos de controle ambiental e contratou uma consultoria que está trabalhando no diagnóstico de possíveis impactos socioambientais na região”, informou.

Além disso, a Rumo acrescentou que tem um canal aberto para que a comunidade possa auxiliar e denunciar qualquer situação por meio do telefone 0800-701-2255.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2023/04/11/rumo-e-multada-em-r-90-mil-por-derramamento-de-soja-em-rio-em-sao-vicente.ghtml

1 Comentário

  1. Curioso o comentário do biólogo… não precisa ser especialista para saber dos prejuízos a saúde que a amônia causa. A matéria foi bem categórica em retratar a situação em que os moradores do loca estão vivendo. ESTAMOS FALANDO DE SOJA EM DECOMPOSIÇÃO.
    A chamada da matéria deveria ser, “Catástrofe ambiental na mata atlântica”.

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