Violência sobre trilhos: 15 viagens de trem são canceladas diariamente no RJ por motivos de segurança

O Globo – Em média, problemas de segurança pública foram responsáveis por causar diariamente, entre janeiro e agosto deste ano, uma média de 15 interrupções de viagens de trens ou cancelamento de partidas, no Rio e em outros 11 municípios da Região Metropolitana. O dado consta de um levantamento obtido pelo GLOBO junto à Agetransp através da Lei de Acesso à Informação. Entre janeiro e agosto deste ano, houve um total de 3.693 partidas suprimidas ou interrupções de circulação de trens, provocadas por motivos de segurança pública, incluindo tiroteios, roubos e vandalismo.

Na noite desta segunda-feira, o problema voltou a se repetir. Em meio a uma guerra por disputa de territórios, bandidos da maior facção criminosa do Rio tentaram invadir parte de uma localidade que dá acesso ao Morro da Pedreira, na Zona Norte, controlado por um bando rival. Houve tiroteio.

Durante o confronto, traficantes armados de fuzis entraram na linha férrea e interceptaram uma composição do ramal de Belford Roxo, próximo à Estação Ferroviária de Barros Filho, que trafegava em direção à Baixada Fluminense. O bando ordenou que a composição retornasse no sentido Central do Brasil, o que foi obedecido pelo maquinista.

Por medida de segurança, a SuperVia encerrou a operação no ramal sem fazer a última viagem da noite, por volta das 22h. Já os passageiros do trem que foi impedido de seguir viagem desembarcaram na Estação Ferroviária de Honório Gurgel. No mesmo horário, outros bandidos da facção invasora atearam fogo em um ônibus na Pavuna.

Tiroteios, roubos e vandalismo
Já a Semove, entidade que representa 184 empresas de ônibus no Estado do Rio de Janeiro, informou que o coletivo incendiado foi o vigésimo destruído este ano. Os passageiros dos trens da SuperVia mais prejudicados pelo problema nos sete primeiros meses de 2023 foram os que usam o ramal Gramacho/Saracuruna, com um total de 1.509 supressões. Em segundo lugar, aparece o ramal de Japeri com 850 interrupções, seguido de Santa Cruz com 560.

No ramal de Belford Roxo, foram 533 registros desta natureza. A professora Mariléa Araújo, de 73 anos, mora em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e usa o ramal Gramacho-Saracuruna quando precisa ir ao médico, no Centro do Rio. Perguntada sobre como é depender dos trens, ela é objetiva.

— Muitas das vezes tem problema. Acontece de você estar sentada em um trem, quando anuncia que ele não vai mais sair — disse.

O estudante Diogo Damásio, de 24 anos, mora em Parada de Lucas, na Zona Norte, estuda em Bonsucesso e também viaja no mesmo ramal. Ele se queixa dos atrasos nos trens.

— Sou normalmente surpreendido ao chegar na estação. Frequentemente (o trem) atrasa e chego atrasado na aula. Fora as paradas recorrentes na Penha, onde o trem fica uns dez minutos e eu não entendo o porquê — descreve Diogo.

Chapadão e Pedreira
A guerra entre bandidos rivais do Morro do Chapadão e do Morro da Pedreira se arrasta desde abril. No dia 30 do mesmo mês, traficantes da Pedreira, que usavam uma motocicleta, dispararam tiros contra um grupo rival, na localidade conhecida como Campo do Real, no Chapadão. Na ocasião, uma criança de 11 anos, e uma jovem, de 19, foram atingidas por balas perdidas e morreram.

Segundo moradores, desde a última quinta-feira, a guerra voltou a se acentuar com ataques dos dois lados. Na noite desta segunda-feira, bandidos do Chapadão atacaram a localidade conhecida como Bairro Treze, próximo à Estação Ferroviária de Barros Filho.

A Polícia Militar foi chamada e interferiu na troca de tiros usando veículos blindados. Para evitar novos confrontos entre bandidos rivais, homens do Batalhão de Choque também reforçaram o patrulhamento na Pedreira e no Chapadão.

Apesar da troca de tiros, não houve notícias de feridos ou mortos. Segundo a Polícia Militar, durante policiamento pela comunidade do Chapadão, equipes do Batalhão de Ações com Cães (BAC) localizaram, no que aparentava ser um terreno baldio, 238 pinos de cocaína, 339 sacolés de crack, 170 trouxinhas de maconha, 120 unidades de haxixe, 60 unidades de skank, 45 vidros de lança-perfume e 42 frascos de cheirinho da loló. O material foi apresentado na 39ª DP.

A SuperVia disse que preza pela segurança dos passageiros e divulgou nota sobre o caso. A seguir, a íntegra do documento. ” A SuperVia lamenta que fatores externos à operação causem transtornos aos passageiros e mantém equipes 24 horas por dia em ação para assegurar o funcionamento do sistema ferroviário. A concessionária reitera que preza pela segurança de passageiros e colaboradores”.

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2023/09/27/violencia-sobre-trilhos-15-viagens-de-trem-sao-canceladas-diariamente-por-motivos-de-seguranca-no-rio.ghtml

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