Valor Econômico – A mineradora Vale fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de US$ 2,84 bilhões, o que significa uma queda de 36% na comparação com o lucro de US$ 4,46 bilhões em igual período do ano passado.
A receita líquida da companhia entre julho e setembro foi de US$ 10,62 bilhões, uma alta de 6,98% frente aos US$ 9,93 bilhões do terceiro trimestre do ano passado. Na mesma comparação, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) cresceu 14%, para US$ 4,18 bilhões. No terceiro trimestre de 2022, o Ebitda foi de US$ 3,67 bilhões.
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No balanço divulgado nesta quinta-feira (26), a Vale informou que o lucro foi afetado principalmente pelo ajuste na variação cambial acumulada em 2022 e pela marcação a mercado do valor das debêntures participativas. Esses efeitos, segundo a Vale, foi negativo em US$ 2,73 bilhões.
O resultado financeiro líquido da mineradora entre julho e setembro foi negativo em US$ 385 milhões, contra um resultado positivo de US$ 2,35 bilhões em igual período do ano passado. Dentro desse resultado, a variação cambial e monetária foi negativa em US$ 102 milhões, enquanto no terceiro trimestre do ano passado esse valor foi positivo em US$ 1,767 bilhão. As debêntures participativas, nas mesma comparação, passaram de um resultado positivo e US$ 470 milhões entre julho e setembro do ano passado para um resultado, também positivo, de US$ 30 milhões em igual período deste ano.
Em contrapartida, os maiores preços realizados de minério de ferro e os maiores volumes de vendas de minério de ferro e pelotas trouxeram um ganho de US$ 480 milhões. Além disso, houve uma redução no lucro tributável que trouxe efeitos positivos de US$ 677 milhões.
Com o resultado anunciado hoje, o lucro líquido ficou acima da média de US$ 2,65 bilhões projetada pelo mercado e compilada pelo Valor junto a quatro bancos e casas de análise.
Em reais, o lucro da companhia recuou 40,46% em base anual, para R$ 13,86 bilhões no terceiro trimestre, enquanto a receita líquida caiu 0,22%, para R$ 51,96 bilhões, e o Ebitda ajustado avançou 6,04%, para R$ 20,45 bilhões.
Dívida
A dívida líquida da Vale ao fim do terceiro trimestre somava US$ 10 bilhões, acima dos US$ 8,91 bilhões ao fim do segundo trimestre. A dívida líquida expandida — que engloba, entre outros, provisões por Brumadinho, Samarco e Fundação Renova — fechou setembro em US$ 15,49 bilhões, contra US$ 14,69 bilhões ao fim de junho.
Segundo a Vale, o crescimento da dívida líquida expandida foi impulsionado, principalmente, pelo pagamento de US$ 1,7 bilhão em juros sobre capital próprio no trimestre. A meta de dívida líquida expandida da Vale é de US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões.
No terceiro trimestre, a companhia investiu US$ 1,46 bilhão, alta de 19% no comparativo anual.
A empresa informou ainda que o fluxo de caixa livre das operações atingiu US$ 1,13 bilhões, US$ 1,04 bilhão menor na comparação com igual período do ano passado. A queda, segundo a mineradora, é explicada principalmente pelo efeito negativo do capital de giro (US$ 963 milhões menor) como resultado do aumento do volume de vendas e alterações no contas a pagar.
A geração e posição de caixa da Vale foi usada principalmente para distribuir US$ 1,68 bilhão para os acionistas em juros sobre capital próprio e para a recompra de US$ 546 milhões em ações.
Minério de ferro
A receita líquida do segmento de minério de ferro da Vale somou US$ 8,86 bilhões no terceiro trimestre, o que representou uma alta de 13,22% na comparação com os US$ 7,83 bilhões de igual período do ano passado.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado do segmento ficou em US$ 4,46 bilhões entre julho e setembro, 18% maior que no segundo trimestre de 2022.
Segundo a Vale, o aumento de 18% do Ebitda na comparação anual é explicado, principalmente, pelos maiores preços realizados de finos de minério de ferro (US$ 876 milhões), especialmente devido a um preço médio de referência de minério de ferro 10% mais alto e a um aumento de 4,4 milhões de toneladas no volume de vendas de finos de minério de ferro e pelotas (US$ 174 milhões).
“Isso foi parcialmente compensado pelos custos mais elevados de compras de terceiros, pelo efeito negativo da taxa de câmbio e pelo consumo de estoques do trimestre anterior a custos mais altos”, diz a companhia no balanço.
No segmento de metais para a transição energética, o Ebitda somou US$ 319 milhões, enquanto a receita líquida atingiu US$ 1,72 bilhão.
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