Folha de S. Paulo – Líder em transporte marítimo, a A.P. Moller-Maersk anunciou nessa quarta-feira (10) que suspendeu as viagens pelo Canal do Panamá para realizar entregas. O motivo é a seca que atinge a região e provocou a redução de travessias pelo local.
A companhia diz ter sido informada pela Autoridade do Canal do Panamá (ACP) sobre a limitação da quantidade e do peso das embarcações que passam pela rota com base nos níveis de água atuais e projetados no Lago Gatun, o principal reservatório alimentado pelas chuvas que faz com que os navios flutuem pelo sistema de eclusas do Canal do Panamá.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
“As embarcações que utilizavam o Canal do Panamá anteriormente agora omitirão o Canal do Panamá e usarão uma ‘ponte terrestre’ que utiliza ferrovias para transportar cargas através dos 80 km (49,71 milhas) do Panamá até o outro lado”, disse a empresa em um comunicado aos seus clientes.
A seca no Panamá reduziu as vagas de trânsito no canal, o que já está forçando os navios-tanque de combustível e os transportadores de grãos a seguir rotas mais longas para evitar congestionamentos.
Isso está causando mais transtornos à rede global de transporte marítimo, que também vem sofrendo com problemas no Mar Vermelho, usado no trajeto entre Ásia e Europa.
PROBLEMAS TAMBÉM NO MAR VERMELHO
Em entrevista ao jornal Financial Times, o CEO da Maersk, Vincent Clerc, disse que a rota do Canal de Suez pode levar meses para voltar à normalidade, já que persistem os ataques do grupo rebelde houthis contra embarcações comerciais. O grupo apoiado pelo Irã está realizando a ofensiva no litoral do Iêmen em protesto contra Israel devido aos ataques contra o grupo terrorista Hamas.
“Não está claro para nós se estamos falando de restabelecer a passagem segura para o Mar Vermelho em questão de dias, semanas ou meses… Isso pode ter consequências potencialmente significativas para o crescimento global”, afirmou Clerc.
As embarcações da Maersk vem optando por realizar o trajeto pelo Cabo da Boa Esperança para fazer a rota Ásia-Europa, mas o percurso demora 12 dias a mais, o que eleva os custos com combustível e mão de obra. Com isso, o preço do frete está aumentando.
Um navio da Maersk foi atacado em meados de dezembro do ano passado, levando o grupo dinamarquês a suspender viagens pelo Mar Vermelho. O grupo retomou as viagens alguns dias depois, depois que uma coalizão militar liderada pelos EUA tentou criar uma passagem segura, mas sofreu outro ataque no final de dezembro e anunciou nova suspensão.
Desviar navios porta-contêineres pelo Cabo da Boa Esperança acrescenta cerca de 13.000 km de distância para uma viagem de ida e volta entre a Ásia e a Europa, e centenas de dólares por contêiner, disse Clerc.
“Neste momento em que a inflação é um grande problema, isso está colocando pressão inflacionária em nossos custos, em nossos clientes e, em última análise, nos consumidores na Europa e nos EUA”, acrescentou ele. “No curto prazo, isso poderia causar interrupções significativas no final de janeiro, fevereiro e março.”
A conta de combustível da Maersk será 50% mais alta como resultado dos navios que fazem a rota mais longa. Se não for resolvido, os navios em breve estarão fora de posição, ameaçando a logística e as cadeias de suprimentos globais, avaliou o CEO da Maersk, que é responsável pelo transporte marítimo de 20% das cargas no mundo.
Seja o primeiro a comentar