Por que o principal auxiliar de Haddad, número 2 da Fazenda, entrou no páreo da sucessão da Vale

O Globo – Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, foi sondado por conselheiros da Vale para entrar na corrida pela presidência da mineradora, informou ontem o colunista do GLOBO Lauro Jardim.

A Vale deve escolher o sucessor do atual presidente, Eduardo Bartolomeo, até o fim do ano. Em nota, a companhia reafirmou que “não há definição sobre a lista de candidatos participantes do processo (de seleção do novo presidente) até o presente momento”.

Conforme a nota do colunista, Durigan tem dito a interlocutores que, apesar do cargo que ocupa, não quer ser visto como candidato do governo — numa repetição da tentativa do Planalto de emplacar na Vale o ex-ministro Guido Mantega. Aos que o procuraram, Durigan, segundo os mesmos interlocutores, avisou que só toparia ir adiante nas conversas se houvesse consenso em torno do seu nome.

O secretário-executivo é advogado formado pela USP e foi assessor do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na metade final do mandato como prefeito de São Paulo, em 2015 e 2016. No setor privado, foi diretor de Políticas Públicas do WhatsApp no Brasil.

Depois que voltou para o governo, no ano passado, assumiu uma vaga no Conselho Fiscal da própria Vale e entrou no Conselho de Administração do Banco do Brasil (BB), do qual é presidente.

15 candidatos

Na semana passada, o Conselho de Administração da Vale recebeu uma lista com nomes de 15 executivos com potencial de assumir a presidência da empresa, como também revelou Lauro Jardim. A lista foi elaborada pela consultoria de recrutamento de executivos de alto escalão Russell Reynolds, contratada pela mineradora para auxiliar no processo.

No início de março, o Conselho de Administração da Vale decidiu pela prorrogação do mandato do atual presidente, Eduardo Bartolomeo, até o fim deste ano, e pela contração de um substituto, a ser anunciado no início de dezembro.

O mandato do executivo iria até maio e havia a possibilidade de uma renovação. Com a decisão pela substituição, Bartolomeo trabalhará em 2025 como consultor da companhia, ajudando na transição para o novo comando.

Desde a virada do ano, o Conselho de Administração da companhia vinha se dividindo sobre o que fazer diante da proximidade do fim do mandato de Bartolomeo, com direito a tentativas de interferência do governo.

Após a Vale se tornar uma corporação, ou seja, uma companhia aberta de capital pulverizado, sem controle, e com a saída do BNDES como acionista, a influência direta do Planalto sobre a mineradora diminuiu, mas a influência indireta persiste, incluindo a participação remanescente da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB.

Na lista de 15 candidatos estão executivos tarimbados, presidentes de grandes companhias, como Francisco Gomes Neto (Embraer), Gustavo Werneck (Gerdau), Carlos Piani (Equatorial), Cristiano Teixeira (Klabin), Maurício Bhar (Engie) e Antonio Maciel Neto (Caoa).

Quando a lista foi revelada, a Vale informou que não havia “definição pelo Conselho de Administração sobre a lista de candidatos até o presente momento” e reafirmou o cronograma do processo de sucessão, que já havia sido divulgado pela companhia.

Pelo cronograma, no fim de setembro o conselho deverá definir uma lista tríplice de indicados à presidência. Os candidatos, então, serão avaliados pelo colegiado e, um mês depois, o martelo será batido. A posse virá em 1º de janeiro de 2025.

Uma fonte próxima ao conselho disse ao GLOBO que o cronograma poderia, eventualmente, ser acelerado. O colegiado tem uma reunião ordinária na última semana deste mês e poderá tratar do assunto.

A lista tríplice deverá ser formada por dois nomes dos 15 apresentados pela Russell Reynolds e por um executivo da própria Vale, segundo a fonte, que falou sob anonimato. O nome de dentro seria o atual vice-presidente Executivo de Finanças e Relações com Investidores, Gustavo Pimenta.

Cronograma mantido

A nota de ontem da Vale diz que o presidente do Conselho de Administração, Daniel Stieler, “reafirma sua confiança na capacidade do Conselho de tomar a melhor decisão, de acordo com o Estatuto Social da Vale, Regimento Interno do Conselho de Administração, políticas corporativas da Companhia e legislação aplicável”.

A nota reforça a “confiança” na Russell Reynolds e garante que “o cronograma de sucessão está sendo seguido rigorosamente”.

Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2024/07/18/por-que-o-principal-auxiliar-de-haddad-numero-2-da-fazenda-entrou-no-pareo-da-sucessao-da-vale.ghtml

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