Valor Econômico – O futuro presidente da Vale, Gustavo Pimenta, é a continuidade de Eduardo Bartolomeo, atual CEO, mas representa um novo ciclo na companhia, avaliou o presidente do conselho de administração da mineradora, Daniel Stieler, em entrevista ao Valor.
Stieler negou, porém, que a indicação de Pimenta seja uma vitória pessoal de Bartolomeo, que tentou ser reconduzido para mais um mandato e não conseguiu, pois não obteve apoio de maioria do conselho da empresa, que é a quem cabe eleger o CEO. “A vencedora do processo [sucessório] é a Vale como um todo”, afirmou.
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Stieler disse que Pimenta está sendo contratado para cumprir um mandato de três anos, renovável. E negou que o jovem executivo esteja sendo eleito como um CEO “transitório.” “Pimenta foi o melhor candidato que avaliamos”, disse Stieler.
Na seleção de executivos, a Vale definiu competências e experiências necessárias usadas pela Russell Reynolds como base para buscar profissionais no mercado. A empresa internacional de “head Hunter” foi contratada pela Vale para conduzir o processo de escolha do CEO. “Queríamos alguém com energia e capacidade de destravar valor da empresa”, disse Stieler.
Em maio, a Vale divulgou um cronograma com as etapas do processo sucessório para CEO, mas a escolha de Pimenta, na noite de segunda-feira (26), antecipou parte do calendário. Stieler reconheceu que se acelerou a definição do novo CEO como forma de estancar dúvidas que surgiram no mercado sobre a governança da empresa.
Primeiro processo de sucessão planejado
Ele afirmou que todo o processo foi feito seguindo os ritos estabelecidos na própria governança e no estatuto da companhia. Stieler disse, ainda, que é a primeira vez que se faz na Vale um processo de sucessão planejado: “Esse processo dá tempo para que o atual CEO prepare o sucessor”, disse Stieler.
A previsão é que Pimenta, que é vice-presidente financeiro da Vale, faça um trabalho de transição com Bartolomeo até o fim do ano. A posse de Pimenta, pelo cronograma divulgado anteriormente pela companhia, deve ser em 1º de janeiro de 2025.
“Segurança continuará sendo um pilar”
O próximo presidente da Vale tem uma série de prioridades definidas para quando assumir o cargo. “A segurança continuará sendo um pilar, um preceito, com Pimenta”, disse Daniel Stieler.
No ano que vem, a Vale vai completar dez anos do caso de Mariana (MG), quando uma barragem da Samarco, empresa da qual é sócia junto com a anglo-australiana BHP, se rompeu causando 19 mortes e uma das maiores tragédias socioambientais do país.
Pendências no caso Mariana (MG)
Vale, BHP e Samarco vêm costurando um acordo com o governo federal e com os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo para encerrar de vez as pendências de Mariana. Pimenta está diretamente envolvido nas discussões.
A ideia é fazer um acordo semelhante ao que a Vale fez para pôr um ponto final em outra tragédia, a de Brumadinho (MG), de 2019. As negociações sobre Mariana continuam.
Estabilidade de produção
Outra prioridade de Pimenta será garantir estabilidade de produção à companhia, disse Stieler. Depois de Brumadinho, a companhia tem enfrentado dificuldades de cumprir metas estabelecidas para atingir volumes de extração de minério de ferro. Em níquel e cobre, metais importantes para a transição energética, a Vale também tem tido restrições de de produção.
Na entrevista ao Valor, Stieler disse que Pimenta é focado em resultado e sabe de onde pode tirar os melhores desempenhos da companhia. O chairman da Vale afirmou, ainda, que o novo CEO da mineradora precisará dar mais atenção às relações institucionais, agenda que inclui, segundo ele, não só os governos nas três esferas (federal, estadual e municipal), mas todos os públicos de interesse (“stakeholders”).
Stieler disse, também, que Pimenta poderá avaliar oportunamente eventuais mudanças que queira fazer na diretoria-executiva da Vale.
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