Novo CEO da Vale procura autoridades por acordos sobre ferrovias e Mariana

O Globo – Antes mesmo de tomar posse, o novo presidente da Vale, Gustavo Pimenta, está procurando autoridades do governo federal e de estados com os quais a companhia tem pendência, na tentativa de fechar acordos ainda neste ano. Entre elas, a prorrogação antecipada das ferrovias Carajás (PA) e Vitória-Minas, além do acordo de ressarcimento da tragédia de Mariana — que ocorreu numa barragem da Samarco, que tem a Vale e BHP como sócias.

Em outra frente, o conselho de administração da empresa discute antecipar para outubro ou ainda este mês a posse do novo CEO da Vale, que vai substituir o executivo Eduardo Bartolomeo. O processo de troca de comando da companhia estava previsto para ocorrer no final do ano, mas foi antecipado. Ele foi escolhido para assumir a presidência da empresa em 26 de agosto.

Pimenta esteve com o ministro dos Transportes, Renan Filho, nesta terça-feira. A pasta conduz uma negociação para rever a renovação antecipada de contratos de ferrovias não só com a pasta, mas com outras empresas. Esses acordos foram fechados durante o governo Jair Bolsonaro e o governo Lula considera os valores baixos.

No caso da Vale, trata-se da revisão do contrato referente às ferrovias Estrada de Ferro Vitória-Minas, entre Espírito Santo e Minas Gerais, e Estrada de Ferro Carajás, entre Maranhão e Pará. O governo quer que a mineradora pague nova outorga à União.

A Vale apresentou em abril uma proposta para pagar R$ 16 bilhões, mas o governo pede R$ 25,7 bilhões. O contrato de concessão da Vale expirava originalmente em 2027, mas foi renovado antecipadamente por 30 anos. Também está em negociação a construção pela Vale da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO).

Acordo de Mariana

O CEO também já se reuniu com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. Segundo integrantes do governo, o novo CEO da Vale demonstrou boa vontade em chegar a um acordo de compensação a famílias e governos por conta do com o rompimento de uma barragem de Fundão.

Além da Vale, a BHP participa das conversas. A Samarco já desembolsou R$ 37 bilhões e estaria negociando pagar mais R$ 100 bilhões, além de outros R$ 49 bilhões em obrigações futuras.

Procurada, a Vale informou em nota que as negociações estão em estágio avançado:

“A Vale está em discussões avançadas com o Ministério dos Transportes sobre as condições gerais para otimizar os planos de investimentos nos contratos de concessão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). A Vale manterá o mercado atualizado sobre qualquer compromisso relevante assumido no âmbito das negociações, em linha com a legislação aplicável”, diz a nota.

Sobre Mariana, a Vale afirmou que “reafirma seu compromisso com as ações de reparação e compensação relacionadas ao rompimento da barragem de Fundão, da Samarco. A Vale, como uma das acionistas da Samarco, segue engajada no processo de mediação conduzido pelo Tribunal Regional Federal da 6⁠ª Região (TRF6) e busca, junto às autoridades envolvidas, estabelecer um acordo que garanta a reparação justa e integral às pessoas atingidas e ao meio ambiente”.

A troca de CEO na Vale se arrastou por meses e o governo — mesmo sem ter participação direta na empresa — tentou influir no processo. No fim, a empresa escolheu um nome que já estava na companhia.

Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2024/09/11/novo-ceo-da-vale-procura-autoridades-por-acordos-sobre-ferrovias-e-mariana.ghtml

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