G1 – A movimentação de cargas nas ferrovias de Santa Catarina vem apresentando crescimento, mas ainda está aquém da necessidade do setor produtivo, apontam entidades. Os volumes subiram 8,9% no primeiro semestre, na comparação anual, de acordo com a Secretaria de Estado de Portos, Aeroportos e Ferrovias.
As duas concessionárias que atuam no estado transportaram 3,5 milhões de toneladas, representando variação superior à média nacional, de 5,03% no mesmo período em 2023.
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“Atualmente o modal ferroviário responde por 9,7% da matriz de transportes de Santa Catarina. Esse percentual precisa ser ampliado. No Brasil esse modal representa aproximadamente 21% e nos EUA cerca de 27%, e para ampliar é necessária uma visão sistêmica e integrada”, defende Egídio Martorano, presidente da Câmara de Transporte e Logística da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
Por isso, a entidade considera importante desenvolver o Plano Estadual de Logística de Transportes para identificar potenciais investimentos em diversificação da matriz, considerando a multimodalidade, o arranjo produtivo catarinense, a carga de valor agregado e a participação do setor privado.
“Nossa malha é antiga, e novos projetos ferroviários sem um planejamento criterioso, considerando traçados que permitam a integração com a malha nacional, velocidades compatíveis, enfrentam desafios para a viabilidade financeira. A ferrovia chega a custar por quilômetro cinco vezes mais do que a rodovia e Santa Catarina tem um relevo bastante complicado, além do desafio da descida da Serra do Mar que exige grandes investimentos”, reforça Martorano, ao indicar que, globalmente, o modal costuma usar parcerias público-privadas (PPPs).
Em relação à Ferroeste, ainda que possa ser alternativa para o suprimento de grãos, a Fiesc entende que o projeto enfrenta desafios ambientais significativos, resultando em tempo adicional para obtenção de licenças necessárias para a construção.
Assim, a entidade defende priorização do investimento público, neste caso, para o modal rodoviário, enquanto a ferrovia deve ser um investimento privado por intermédio do regime de autorização, que permite concessão em período de mais de 90 anos.
Após décadas de concessão, Ferrovia Tereza Cristina solicita renovação
Com foco no transporte de carvão, a Ferrovia Tereza Cristina completa 140 anos desde sua inauguração em 1° de setembro no Sul do estado.
Neste período, a concessão pública para a administração atual, que já completa 27 anos, nunca foi renovada. Agora, a empresa concessionária Ferrovia Tereza Cristina SA trabalha para solicitar ao governo federal a renovação até 2040, pelo menos.
Em 2021, o Senado prorrogou até esta data a contratação de térmicas a carvão em Santa Catarina. Os processos fluem bem e estão dentro dos prazos, segundo Abel Possagnolo Sergio, gerente de transporte da empresa concessionária.
A demanda pelo escoamento de carvão é estável. No entanto, o transporte de outras cargas, ainda que de menor robustez, têm subido 10% ao ano, e essa é a projeção também para 2024.
Considerando o primeiro e o segundo trimestre, a ferrovia transportou 1,2 milhão de toneladas úteis de carvão, metade da meta para o ano, que é de 2,4 milhões.
Para containers em carga geral, a meta gira em torno de 1,5 mil a 1,8 mil contêineres cheios por mês, e também vem sendo cumprida. Mais de 80% dos volumes são de arroz, direcionados principalmente para o Nordeste.
“Mais recentemente, o Porto de Imbituba passou a receber duas linhas internacionais, abrindo cargas novas, metalmecânica, alimentos, vinho, entre outros produtos. O que chega para o Porto, trazemos para Criciúma”, detalha o gerente de transporte da concessionária.
A malha da ferrovia passa por 14 municípios e tem cerca de 182 passagens em nível sinalizadas, o que requer investimentos anuais em torno de R$ 1 milhão em modernizações, destaca Ramon Joaquim Delfino, supervisor de Tração da ferrovia.
“A concessionária vem investindo em informações para proporcionar mais atenção nas passagens, além de programas institucionais como o ‘Paz na Linha’, tecnologia para área operacional com melhorias nos sistemas de freios, para garantir a segurança dos nossos trens, principalmente em cruzamentos de vias”.
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