Valor Econômico – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assumiu que houve problemas na modelagem das concessões das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), operadas pela ViaMobilidade, da CCR, desde o início de 2022.
“Com base naquilo que dá errado em outras concessões, a gente vai assimilando e vai procurando absorver as lições aprendidas”, afirmou o mandatário nesta sexta-feira (28), após o leilão do chamado Lote Alto Tietê, concessão de mobilidade urbana que reúne as linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM.
A Comporte, empresa da família Constantino, venceu o certame com a oferta de desconto de 2,57% sobre as contraprestações que serão pagas pelo Estado à concessionária ao longo dos 25 anos de contrato. De acordo com Tarcísio, a mudança principal está em um aumento do tempo de transição para 24 meses, período em que a CPTM ainda participará das operações.
“Justamente para ir passando ‘know how’ e ‘expertise’, para a gente fazer essa interconexão e absorção das equipes que hoje fazem operação. Esse tempo maior de transição vai ser determinante para que a gente tenha um sucesso maior. Tinha muito problema na 8 e 9, mas as falhas vem caindo paulatinamente, o que é o reflexo do investimento”, explicou.
Segundo o governador, 60 trechos críticos das linhas com problemas já foram corrigidos e 36 novos trens foram incorporados à frota entre 2024 e 2025. Em 2022, ambas as linhas operadas pela ViaMobilidade registraram uma falha a cada dois dias, o que fez a empresa pagar R$ 150 milhões em indenização por danos materiais e morais coletivos.
Governador minimiza manifestações
Após protestos de funcionários da estatal, realizados na última terça-feira (25) e na quinta (27), o governo cercou todo o quarteirão da B3 nesta sexta. Policiais militares restringiram o acesso da população ao entorno do evento e reprimiram um pequeno movimento de manifestantes contrários à privatização. Questionado, Tarcísio de Freitas argumentou que ocorrências como essa são comuns.
“A questão do protesto é normal. Toda vez que você vai fazer concessão, transferir algo para iniciativa privada, algumas pessoas têm uma certa insegurança com relação a isso. Mas a gente está olhando o interesse público, o investimento que vai ser realizado e a melhoria da qualidade de serviço”, afirmou.
O governador ainda disse que parte das concessionárias contratadas pelo Estado tem absorvido a mão de obra já existente nas operações. “É o que aconteceu nas linhas 7, 8 e 9 e está acontecendo com o consórcio do trem intercidades. É o que vai acontecer invariavelmente também nas linhas 11, 12 e 13”.
Mais leilões
Tarcísio de Freitas afirmou ainda que que os próximos leilões de mobilidade urbana do Estado deverão ter novos operadores. “A gente tem que entender que não é fácil trazer ‘players’ [atores] desse segmento para participar dos leilões, até a data do leilão tem que ser pensada. A gente tem poucos operadores no mundo, não tem uma grande diversidade de operadores no mundo. A gente está fazendo um esforço grande de buscar novos operadores”, disse.
“Nós tivemos alguns operadores europeus estudando essas linhas, não formularam proposta, mas já se prepararam para estudar o próximo leilão, que deve ser das linhas 10 e 14. Eles já estão aí imersos nos estudos, participaram do aperfeiçoamento desse estudo, e já estão estudando o próximo. A gente tem a esperança e a convicção de que a gente vai conseguir trazer novos operadores. A gente tem que buscar operadores da Europa e da Ásia”, afirmou.
“Sempre é um desafio. Porque a gente está falando de um modo de transporte que é intensivo, em termos de capital. Nem sempre a turma está disposta a tomar o risco de engenharia. […] A gente está tentando mitigar todos esses riscos”, acrescentou.
O próximo leilão do governo deverá ser o das linhas 10-Turquesa e 14-Ônix da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Segundo noticiou o Valor, um consórcio de grupos europeus, entre os quais estariam Sacyr, Webuild e Keolis, está estudando esse projeto, de acordo com fontes.
Seja o primeiro a comentar