Valor Econômico – O Brasil pretende contratar este ano cerca de R$ 100 bilhões, ou US$ 20 bilhões, em novas concessões em transportes, disse o diretor de Planejamento da Infra S.A., Cristiano Della Giustina, no evento PPP Americas, na capital peruana.
Nesse montante estão sete repactuações de concessões rodoviárias que deverão envolver investimentos de R$ 60 bilhões, e mais R$ 35 bilhões em novas concessões de estradas. Estão também previstas 21 concessões de terminais portuários, com investimento na ordem de R$ 8,5 bilhões, e 51 terminais de aeroportos de pequeno porte, com investimento previsto de R$ 13,4 bilhões, listou.
O Brasil foi citado como “referente global” em parcerias com a iniciativa privada, em um painel que discutiu projetos dos países da região na área de transportes.
Na Colômbia, o foco das associações entre governo e setor privado passaram de rodovias para a intermobilidade, disse María Patricia Sandoval, gerente de Estruturação Financeira e Desenvolvimento Nacional daquele país. O país pretende construir rodovias e, futuramente, estruturar corredores completos de transporte, disse.
O Peru conta com US$ 13 bilhões em investimentos em portos, aeroportos, rodovias, transporte urbano e metrô, disse Martín Rojas Capurro, diretor da Direção de Promoção do Investimento Privado. Neste país, o modelo evoluiu de esquemas autofinanciados por tarifas, no início deste século, para desenhos que incluem a participação estatal.
Em seus mais de 30 anos de experiência em concessões na área de transportes, o Brasil constatou que o sucesso das concessões depende de três pilares, disse Della Giustina.
Em primeiro lugar, os estudos de viabilidade têm de ter qualidade, para dar boa base à estruturação de projetos e uma modelagem robusta. Em segundo, a melhoria do ambiente regulatório, de modo a dar previsibilidade e sustentabilidade para contratos de longo prazo. Em terceiro, o processo deve ser baseado na escuta ativa, para contemplar as necessidades de cada parte envolvida, disse o diretor.
O envolvimento das pessoas em torno do projeto pode determinar seu sucesso ou fracasso, pontuou Verónica Zambrano, presidente do Organismo Superior do Investimento em Infraestrutura do Transporte de Uso Público do Peru. Ela citou que, em seu país, um projeto de hidrovia fracassou por falta de conhecimento sobre o que representaria.
Outro fator importante, disse ela, é a inclusão de cláusulas anticorrupção nos contratos de concessão. “No Peru, houve muitos escândalos vinculados ao setor de transportes”, lamentou. Essas cláusulas já estão presentes em alguns contratos, disse.
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