Metrô de BH pode reduzir operação em março e parar em junho

O metrô de Belo Horizonte só tem
recursos assegurados para funcionar até junho. O contingenciamento também afeta
os sistemas de Recife, Natal, João Pessoa e Maceió. A verba destinada para 2018
é de R$ 150 milhões – 42% menor que a do ano passado, quando foram empenhados
R$ 260 milhões nos cinco Estados. A reportagem de O TEMPO teve acesso a um
comunicado que revela ainda que, se não houver mudança no cenário, a partir de
março, a operação será restrita aos horários de pico em todas essas regiões em
que o modal é gerido pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

O comunicado é assinado pelo diretor
presidente da CBTU, José Marques de Lima, e direcionado ao presidente do
Conselho de Administração da empresa, Pedro Cunto de Almeida Machado. Lima
avisa que, em função do severo corte promovido pelo governo federal no
orçamento dos metrôs em 2018, a companhia prepara medidas que afetarão
diretamente o emprego de milhares de terceirizados, além de prejudicar os cerca
de 210 mil passageiros que utilizam o metrô da capital mineira todos os dias.

Para evitar a paralisação total do
sistema no segundo semestre, a partir desta segunda-feira (5), a companhia
notificará empresas prestadoras de serviço sobre a suspensão total ou parcial
dos contratos, que envolvem manutenção, conservação e limpeza. E, a partir de 5
de março, o metrô passará a funcionar somente nos horários de pico, de segunda
a sexta-feira: das 5h30 às 8h30 e das 17h30 às 19h30.

Análise. De todas as regionais
dirigidas pela CBTU, Belo Horizonte é a que mais arrecada no país: cerca de R$
100 milhões por ano, segundo o presidente do Sindimetro-BH, Romeu José Machado
Neto. Esse dinheiro é depositado no caixa único da companhia, ainda de acordo
com o sindicalista.

Neto disse ainda que, para Belo
Horizonte, o recurso anual previsto para 2018 não chega a R$ 56 milhões. “Para
se ter uma ideia, no ano passado, o orçamento foi de R$ 103 milhões só para a
capital, e esse valor não foi suficiente”, explicou o sindicalista.

“O corte no orçamento afeta também,
diretamente, a compra de diversos tipos de materiais, inclusive peças de
reposição para a manutenção de todos os sistemas, que precisam funcionar bem
para garantir um serviço eficiente, mas, principalmente, seguro”, alertou o
dirigente do Sindimetro. A reportagem tentou, durante toda a tarde desse sábado
(3), contato com a CBTU para comentar as medidas de contenção de despesas, mas
não obteve retorno.

 

Comunicado alerta para risco de ter
aumento da violência

 

Ainda conforme o documento a que O
TEMPO teve acesso, os dirigentes das regionais alertam para as graves
consequências na suspensão dos contratos com as terceirizadas, inclusive o
aumento da violência. “(…) as reduções que estão sendo praticadas nos
contratos afetarão a qualidade dos serviços, podendo haver um considerável
aumento na evasão de receita operacional, insatisfação dos usuários, exposição
do patrimônio público, diminuição da vida útil do material rodante, ações por
parte dos Ministérios Públicos Estadual e Federal”.

Segundo o comunicado, a maioria das
estações poderá ficar desguarnecida de segurança patrimonial durante o período
diurno, o que poderá acarretar riscos.

 

Sindicatos estão mobilizados e vão
pressionar no DF

 

Sindicatos dos metroviários de todo o
país também organizaram uma ida a Brasília, nesta segunda-feira (5), para
cobrar do governo federal, dos deputados e dos senadores recursos adicionais
para cobrir o déficit no orçamento do metrô. De acordo com Robson Zeferino, um
dos diretores do Sindimetro-BH, essa é a hora dos parlamentares mineiros
intervirem nessa questão.

“Ficar sem metrô a essa altura do
campeonato vai gerar um impacto extremamente negativo. Isso geraria a
necessidade de mais ônibus nas ruas, o que nem sempre é possível”, avisou
Zeferino, que é funcionário da CBTU há 30 anos.

O sindicalista disse ainda que mesmo
buscando mais recursos, a categoria é contra o aumento no valor das passagens
como forma de aumentar a arrecadação – o preço praticado atualmente é de R$
1,80. “Nós somos a regional que mais arrecada, mas o dinheiro é depositado em
caixa único e não retorna para cá. É isso o que queremos, que os recursos
voltem ao Estado com a mesma proporção em que se arrecada. Vamos bater na porta
do Ministério das Cidades”, disse. A reportagem tentou contato telefônico com o
ministério, mas não conseguiu.

 

Leia Mais: Metrô de BH não tem avanço
há 16 anos

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