Safra de grãos no Brasil deve ter a maior queda em 20 anos

O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de julho
estima uma safra total de grãos de 189 milhões de toneladas em 2016, um recuo
de 9,8% em relação à produção de 2015, de 209,4 milhões de toneladas, informou
nesta terça-feira, 9, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A nova projeção é ainda 1,5% menor do que o previsto em junho, com 2,9 milhões
de toneladas a menos.

Se a projeção for confirmada, a produção em 2016 registrará
a maior queda em 20 anos, o que já era previsto em estimativas anteriores. O
recuo estimado em 9,8% será o maior desde o tombo de 13,3% apurado na safra de
1996.

No 11º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), também divulgado hoje, a produção brasileira de grãos na safra 2015/16
deve alcançar 188,10 milhões de toneladas, o que corresponde a uma queda de
9,5%, ou 19,7 milhões de toneladas, em comparação com o período anterior (207,7
milhões de t). Em relação ao levantamento anterior, realizado no mês passado,
houve um decréscimo de 0,6%, ou 1,17 milhão de toneladas.

O IBGE projeta queda de safra para 14 de 26 produtos no ciclo
de 2016 ante o de 2015. O milho segue como destaque negativo. “As
condições climáticas que prejudicaram a 1ª safra persistiram durante a 2ª
safra”, diz nota divulgada pelo IBGE. Segundo o órgão, o clima fez a
projeção para a produção total de milho ficar em 68 milhões de toneladas, 3% a
menos do que se estimava em junho.

“A estiagem foi a causa principal (da queda na
produção), exceto no Rio Grande do Sul, onde o excesso de chuvas declinou a
avaliação do rendimento médio em 0,4%, e para o Mato Grosso, onde a área
plantada reduziu-se em 1,5% e a expectativa de rendimento médio caiu
0,4%”, diz nota distribuída pelo IBGE, referindo-se às comparações entre
as estimativas de junho e julho.

Com a colheita de soja encerrada, o levantamento do IBGE
projeta safra de 96,3 milhões de toneladas, recuo de 0,2% em relação à produção
registrada em 2015. Houve queda na produtividade, já que a área plantada de
soja aumentou 2,9% em 2016 ante 2015.

Regionalmente, o Mato Grosso segue como o principal produtor
da oleaginosa do País, com 27,9% da produção. “A colheita (do Estado)
estimada em 26,9 milhões de toneladas é 0,9% menor que a de junho, em função da
redução no rendimento médio”, diz o IBGE.

Conforme a Conab, a principal cultura de inverno, o trigo,
em fase de desenvolvimento das lavouras, deve manter o crescimento de produção,
subindo 12,1%, de 5,53 milhões de t para 6,2 milhões de t, mesmo com uma área
reduzida de 13,9%.

Área plantada. A estimativa do IBGE da área total de grãos a
ser colhida pelos produtores agrícolas brasileiros em 2016 é de 57,6 milhões de
hectares, em linha (-0,1%) com 2015.

O arroz, o milho e a soja – os três principais produtos da
safra nacional – respondem por 87,5% da área total a ser colhida e por 92,5% da
produção estimada. Em relação a 2015, houve aumento de 2,9% na área prevista da
soja e reduções de 0,4% na área do milho e de 9,6% na área de arroz. Já as
avaliações da produção em 2016 em relação a 2015 foram negativas em 0,9% para a
soja, 14,7% para o arroz e 20,5% para o milho.

Na estimativa da Conab, a área plantada na safra 2015/16
teve aumento em relação à safra anterior. Está estimada em 58,2 milhões de
hectares, com um aumento de 0,6%. A soja, que responde por 57% da área
cultivada do País, é a principal responsável pelo aumento, apesar da frustração
da produção. O crescimento deve ser de 3,6%, passando de 32,1 milhões de ha
para 33,2 milhões na safra atual.

 

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