Saída é parceria com iniciativa privada

O Brasil vive uma crise intensa, vai demorar para superar
essa situação e as condições da infraestrutura do país atrapalham a retomada do
crescimento. Investimentos são necessários e o governo e a iniciativa privada
devem unir esforços para o país crescer.

Essas são algumas das principais conclusões da pesquisa
“Investimento pela Lógica do Cidadão” realizada pelo Instituto
Locomotiva Pesquisa & Estratégia com exclusividade para o Valor. O objetivo
foi conhecer a opinião dos brasileiros sobre os desafios para o crescimento da
economia, a percepção sobre a infraestrutura nacional e a necessidade de
investimentos. Foram ouvidos 1.157 homens e mulheres com 16 anos ou mais em
todas as regiões do país entre os dias 11 e 16 de novembro.

Segundo constatou a pesquisa, a infraestrutura brasileira é
avaliada como ruim ou péssima por 70% dos entrevistados e 52% julgam que as
condições atuais de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e oferta de energia
atrapalham a retomada do crescimento. Quase a totalidade (98%) acredita que a
infraestrutura demanda investimentos, sendo que três em cada quatro
entrevistados afirmam que são necessários muitos investimentos.

Mas faltam recursos: 95% dos brasileiros avaliam que o país
está em crise e 56% dizem que essa crise é intensa. Para 90% da população, o
governo federal está endividado e 44% dizem que o governo não tem recursos para
investir.

Sete em cada dez brasileiros avaliam que o governo e a
iniciativa privada devem trabalhar em conjunto para o Brasil voltar a crescer.
Quando perguntados especificamente sobre investimentos em infraestrutura, 78%
defendem que tanto recursos públicos quanto privados sejam usados na melhoria
do setor – 21% advogam que os investimentos deveriam ter apenas origem pública.
“O brasileiro é pragmático. Quer seus problemas resolvidos e não se
importa se a solução vem por intervenção direta do governo ou via investimentos
privados”, diz Renato Meireles, presidente do instituto.

Segundo Meireles, a pesquisa evidenciou o descrédito da
população em relação à capacidade das lideranças políticas em encaminhar
soluções para os problemas mais imediatos do país, como a retomada do
crescimento econômico. “O brasileiro é resiliente, mas não enxerga nesse
momento uma luz no fim do túnel”, diz.

Para 55% dos entrevistados, o país levará três anos ou mais
para superar a crise atual e 10% acham que o país não voltará a crescer. Quanto
à capacidade do Brasil em controlar a inflação, 50% dizem que vai levar três
anos ou mais para isso ocorrer e 16% supõem que esse controle não vai
acontecer. Outra demonstração de falta de esperança: para 46% dos
entrevistados, a retomada da criação de empregos vai levar três anos ou mais.

Diante dessa conjuntura, os brasileiros elegem os
investimentos sociais e a melhoria da qualidade dos serviços públicos como
prioridades. Convidados a indicar três áreas em que o governo deveria
concentrar seus esforços, saúde recebeu indicação de 84% dos entrevistados.
Educação ficou em segundo, com 67%, e segurança obteve 61% de adesão. Apenas 2%
elegeram obras e infraestrutura como áreas que o governo deveria investir.
“O brasileiro entende a necessidade de melhorar a infraestrutura, mas
avalia que isso pode ser feito em parceria com a iniciativa privada”, diz
Meireles.

Para efetivar esses investimentos, as Parcerias
Público-Privadas (PPPs) são o formato de contrato com melhor avaliação, tendo
51% da população a favor, enquanto 40% não se posicionam nem a favor nem contra
e 9% contra. As privatizações contam com o aval de 33% e a reprovação de 30%,
enquanto 37% se dizem indiferentes em relação a esse modelo. As concessões são
aprovadas por 30% da população, 61% não são favoráveis nem desfavoráveis e 9%
são contra.

Para Renato Meireles, o conhecimento do brasileiro sobre
esses termos é muito superficial. “Controle estatal ou privatização,
Estado grande ou pequeno são questões distantes do dia a dia do cidadão comum.
O brasileiro quer é um Estado eficiente.”

Entre as prioridades de investimentos em infraestrutura, o
segmento de rodovias se destaca. Para 98% dos entrevistados, é necessário
investir em rodovias. Em segundo lugar aparece a energia elétrica, com 94% de
citações, e, em terceiro, as ferrovias, com 92% citações. Com relação a portos,
a necessidade de investimentos foi apontada por 50% dos entrevistados.

Os investimentos na extração de petróleo e gás são muito
relevantes para 40% da população, enquanto 46% dizem que é preciso investir,
mas não muito. Em mineração, a demanda por recursos é ainda menor. São
necessários muitos investimentos para 38% dos entrevistados. Para 47% é preciso
investir, mas pouco, e 16% dizem que não é necessário aplicar mais recursos na
extração de minérios.

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