Jovens profissionais moçambicanos da Vale vão concluir em setembro um curso de seis meses no Brasil na área de formação de maquinistas, os condutores de locomotivas. O treinamento inclui aulas práticas na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), da Vale, cuja malha fica na região Sudeste. Quando concluírem o curso, os jovens voltarão para Moçambique capacitados a participar da operação do Corredor Nacala, formado por ferrovia de 912 quilômetros e por um porto, ambos em fase final de construção. A previsão é que o primeiro trem carregado com carvão produzido pela Vale nas minas moçambicanas de Moatize, em Tete, noroeste do país, passe pelo Corredor Nacala até o fim de 2014.
A experiência dos jovens moçambicanos na EFVM faz parte de um programa implementado pela Vale desde 2010 para treinamento, no Brasil, de aprendizes de Moçambique e da Malásia, onde a empresa vai inaugurar até o fim do ano um centro de distribuição de minério de ferro. De 2010 para cá, foram treinados nas operações da Vale no Brasil 346 aprendizes moçambicanos e malaios. Foram 285 moçambicanos e 61 malaios. Os treinamentos incluíram cursos nas áreas de formação de maquinistas, operação de minas, manutenção de equipamentos de mina e operação e manutenção portuária.
No momento, há 81 aprendizes moçambicanos da Vale no Brasil, dos quais 50 sendo treinados como maquinistas em localidades de Minas Gerais e em Vitória, no Espírito Santo, onde a Vale tem o complexo de Tubarão, um dos principais portos para exportação de minério de ferro do país. Os restantes 31 aprendizes participam de cursos na área portuária em Vitória. Os cursos se estendem por períodos de três a oito meses e, uma vez concluído o treinamento, os jovens voltam ao país de origem.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
A partir de setembro, mais 60 moçambicanos vão desembarcar em Vitória para participar de treinamentos. Formados no equivalente ao ensino médio no Brasil, eles são recrutados pela Vale, passam por programas teóricos em Moçambique e, depois, encaram a parte prática no Brasil.
Paula Eller, diretora de recursos humanos da Vale para África e Ásia, disse que a decisão de enviar os aprendizes para o Brasil se apoiou no fato de a empresa ter operações maduras no mercado brasileiro, de ferrovia e porto. Em Moçambique, as operações na mina de Moatize ainda não atingiram plena capacidade e o Corredor Nacala, com capacidade de 18 milhoes de toneladas de carvão por ano, não começou a operar. Hoje o transporte de carvão é feito via Linha do Sena, malha que não pertence à Vale. Na Malásia, o centro de distribuição de minério de ferro de Teluk Rubiah deve começar a funcionar no fim de 2014.
“Damos aos aprendizes a oportunidade de treinar em operações maduras e que funcionam em sua capacidade máxima”, disse Paula. E acrescentou: “Ele [o aprendiz] vivência a experiência técnica, mas também questões de segurança, saúde e meio ambiente que são importantes para nós.” Ela disse que cada vez haverá menos necessidade, do ponto de vista técnico, de levar os aprendizes de Moçambique para o Brasil uma vez que os profissionais treinados replicam o conhecimento adquirido para outros colegas no seu retorno.
Hoje, não há mais necessidade, por exemplo, de treinar no Brasil operadores de caminhões fora de estrada que trabalham nas minas de Moatize. Isso ocorreu no começo do programa, mas hoje é feito em Moçambique. Algo parecido ocorreu na Malásia. Uma primeira turma de malaios foi enviada ao Brasil em 2012. Houve curso teórico na Malásia e treinamento prático no Brasil de 61 profissionais malaios treinados em operação e manutenção de porto. Mas outras duas turmas, em 2013 e em 2014, fizeram todo o curso (teórico e prático) na Malásia. “Isso mostra que a ação é sustentável porque investimos [em treinamento] e o conhecimento se fixa, se perpetua.”
Entre 2012 e 2014, a Vale investiu US$ 35 milhões em formação de mão de obra em Moçambique, valor que inclui os aprendizes e outros programas de treinamento. A Vale tem ainda programas de aperfeiçoamento em logística no Brasil para profissionais seniores moçambicanos.
Seja o primeiro a comentar