A Nova Transnordestina, ferrovia em fase final de gestação para ser construída na região Nordeste, terá 51% do capital votante em poder de grupos privados, liderados pela Cia. Siderúrgica Nacional (CSN). O projeto, de R$ 4,5 bilhões, nasce a partir dos trilhos da atual Cia. Ferroviária do Nordeste (CFN), empresa controlada meio a meio pela CSN e pela Taquari Participações, holding da família do empresário Benjamin Steinbruch. Essa ferrovia cruza sete Estados e tem 4,24 mil km de extensão.
O novo projeto, que aproveita parte da atual malha, tem trajeto previsto de 2 mil quilômetros. Vai ligar o interior do Piauí (Eliseu Martins) aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Recife (PE). A carga alvo é soja e outros grãos e minerais como ferro, gesso e níquel. A previsão é que, aprovada pelo governo federal, as obras comecem até junho de 2006 e as primeiras locomotivas entrem nos trilhos no primeiro semestre de 2009. O governo aportará a maior parte dos recursos da obra.
Conforme o desenho financeiro da ferrovia, a União, por meio dos fundos de incentivos Finor (da região Norte) e FNDE (do Nordeste), vai aportar R$ 3,55 bilhões na ferrovia. Esse valor vai resultar em 49% do capital votante e 75% do total, uma vez que vai subscrever a quase totalidade das ações preferenciais da holding Nova Transnordestina S.A.
O BNDES estuda financiar R$ 400 milhões. O empréstimo já foi enquadrado no banco, ou seja, já tem pelo menos o sinal verde. Mas ainda carece da análise para aprovação final da diretoria. Isso só deve ocorrer depois que o governo anunciar oficialmente a obra.
Os recursos do Finor, de R$ 1,5 bilhão, na verdade pertencem ao BNDES. Serão transformados em capital – ações ordinárias (ON) e preferenciais (PN) da Nova Transnordestina. Com isso, o banco deverá ficar com cerca de 30% do capital votante e 50% do total.
O FDNE, que tem como agente o Banco do Nordeste (BNB), vai aportar R$ 2,05 bilhões – metade como capital (ações ON e PN) e metade na forma de empréstimo.
A CFN, atualmente uma empresa deficitária, com transporte de apenas 1 milhão de toneladas por ano, será incorporada na holding e passará a ser uma controlada integral. Com mais R$ 550 milhões de investimentos – R$ 300 milhões da CSN -, os grupos privados terão o controle e 25% do capital total. A CSN está negociando com candidatos nacionais e estrangeiros, entre eles fundos de pensão, operadores logísticos e companhias esmagadoras de soja, conforme apurou o Valor.
O presidente da CFN, Jayme Nicolato Corrêa, disse ontem em São Paulo, no evento `Negócio nos Trilhos`, que aguarda-se apenas o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, definir uma data em sua agenda para lançar o projeto. `Esperamos estar com toda a operação (financeira e societária) pronta antes do fim do ano.`
CSN e sócios terão 51% do controle da Transnordestina
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