A nova Transnordestina vai permitir o escoamento da produção agrícola do sul do Piauí e do oeste da Bahia, informou Pedro Brito, secretário-executivo substituto do Ministério da Integração e coordenador do projeto da ferrovia. Com 1.860 quilômetros de extensão, a ferrovia começará no município de Eliseu Martins, no Piauí. De lá, seguirá pelo interior pernambucano até a cidade de Salgueiro, onde bifurca em dois ramais. Um deles segue em direção ao porto de Suape, em Pernambuco. Outro vai até o porto de Pecém, no Ceará.
Atualmente o escoamento se dá pelo porto de Itaqui, no Maranhão, ou pelo porto baiano de Ilhéus. Para Ilhéus, o trajeto é rodoviário. Para Itaqui, a produção segue por rodovia até Porto Franco, no Maranhão, e de lá por ferrovia até São Luís. “É um projeto que além de atender a uma demanda reprimida para escoamento de uma produção que cresce a taxas superiores a 20% ao ano, vai dar condições de novos negócios, novos itens, não só na área de grãos e fruticultura”, afirmou o coordenador do projeto. É o caso de Araripina, em Pernambuco – maior produtor mundial de gesso, não tem como escoar a produção. A região deverá ser integrada à nova Transnordestina em uma próxima etapa.
“Após construído o trecho principal, naturalmente se terá necessidade de construir trechos menores que vão dar mais consistência à malha ferroviária”, explicou Pedro Brito. Alguns destes trechos já estão previstos, como a interligação entre Salgueiro e Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, cidades separadas apenas pelo rio São Francisco.
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“A região de Juazeiro e Petrolina é um grande centro produtor de frutas e mesmo de vinhos. Teremos uma intermodalidade entre navegação do São Francisco, a Ferrovia Centro-Atlântica (que liga Centro-oeste e Sudeste ao Nordeste) até Juazeiro e a Transnordestina, que vai ter um ramal para Petrolina”, acrescentou o coordenador do projeto. Hoje, as frutas saem de avião de Petrolina, de um aeroporto construído especialmente para isso, com um encarecimento do frete – por rodovias, a produção estragaria antes de chegar nos portos. “A ferrovia vai permitir o escoamento de toda essa produção a um custo muito barato, tornando os nossos preços competitivos”, disse Pedro Brito, em entrevista exclusiva à Agência Brasil.
Do ponto de vista de um macroplanejamento, o governo federal prevê a interligação da Transnordestina com a Ferrovia Norte-Sul – o que proporcionaria ligação com o porto de Itaqui, no Maranhão. “O ideal no país é que toda a malha ferroviária esteja interligada, embora pertencente a empresas diferentes”, afirmou Brito.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia hoje (25) em Fortaleza a construção da nova ferrovia Transnordestina. Toda a obra envolve investimentos de R$ 4,5 bilhões, dos quais R$ 3,95 bilhões vêm de financiamentos do governo federal. O projeto original da Transnordestina foi iniciado em 1990 e paralisado no final de 1992, segundo o Ministério dos Transportes.
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