Neste sábado, completam-se 41 anos da partida do último trem de Petrópolis para o Rio. Promovida pelo Grupo de Amigos de Petrópolis (GAP), uma caminhada sairá às 9h, do Alto da Serra, pelo antigo leito da ferrovia. E este percurso, de seis quilômetros, é o foco do projeto de revitalização do trem da Serra.
O projeto foi apresentado no VIII Seminário Nacional de Preservação e Revitalização Ferroviária, em agosto. O pesquisador, preservacionista ferroviário e membro do Instituto Civis, Antonio Pastori, elaborou o projeto com base na distância ferroviária do bairro Alto da Serra até a Estação Barão de Mauá, no Rio. O percurso total é de 54 quilômetros, dos quais 48 já contam com trilhos.
— Trata-se, portanto, de criar uma alternativa de acesso a Petrópolis, que passará a ter um segundo modal no qual 89% da infra-estrutura já estão prontos. Os investimentos foram estimados em R$ 20 milhões — destaca Pastori.
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A questão levantada pelo pesquisador é que, para a conclusão do projeto, seria necessária a remoção de cem a 150 famílias que vivem no entorno do antigo leito:
— O problema da ocupação irregular é político e é o maior ponto para reativar o trem. É necessário fazer um projeto integrado com o Ministério das Cidades e, principalmente, com a prefeitura de Petrópolis.
Para o historiador e presidente do Instituto Histórico de Petrópolis, Joaquim Eloy dos Santos, a volta do trem da Serra seria de vital importância para o turismo da cidade:
— Ter como opção de chegada à cidade um trem reformado é muito atrativo. Mas seria impossível executar o projeto original, passando pelo Centro. Hoje, ele teria que parar no Alto da Serra. Do ponto de vista urbanístico, o problema está na ocupação irregular no entorno da antiga linha férrea.
O trem viria como uma alternativa de transporte para a cidade e atenderia a cerca de 20% dos moradores que trabalham no Rio de segunda a sexta-feira. Nos finais de semana, os turistas seriam o principal foco.
— Creio que a simples existência de um projeto de transporte alternativo em Petrópolis poderá representar uma ameaça ao monopólio da Única/Fácil. Nossas estimativas são de que mais de 700 passageiros/dia transitariam no trecho, indo pela manhã e retornando ao final do dia — observa Pastori.
De acordo com a prefeitura, a execução só poderá ser feita após a realização do projeto executivo que vai trazer o detalhamento da obra e os custos para a reativação. Os técnicos do município já estão à disposição da Associação Brasileira de Ferrovias, a fim de elaborar um estudo para a linha férrea voltar a funcionar.
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