Já tem reajuste de preço sobre a mesa de negociação entre mineradoras e siderúrgicas, que há cinco meses estão se enfrentado para definir os novos valores do minério de ferro este ano, apurou o Valor com fontes do setor de mineração. Segundo informaram, os chineses afrouxaram um pouco o jogo duro contra as mineradoras – baixaram o tom-, depois dos entendimentos diplomáticos entre Brasil e Austrália e o governo da China. Isso criou condições para a discussão de valores nesta nova rodada de negociações, o que pode apressar um entendimento entre os dois lados até o início de abril.
Esta semana, o primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, está visitando a Austrália e tem programada uma ida às instalações da BHP Billiton.
A disposição das mineradoras não é de brigar com os chineses, apesar deles terem endurecido o jogo, como reconhecem as fontes. Ninguém quer brigar com o governo da China. A idéia é de buscar o entendimento, para ganhar perdendo, ou perder ganhando, já que a realidade de mercado continua muito forte, com pouca oferta apertada de minério, afirmam.
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Nesse cenário, as expectativas de aumento entre os analistas de bancos continuam girando entre 15% e 20%, mas alguns, como o ABN Amro, aposta em 10%. Esta expectativa é otimista, apesar das notícias de que BHP Billiton, Rio Tinto e Vale do Rio Doce, que controlam 75% do mercado mundial de minério, continuarem sob forte pressão da China para conter os preços do insumo.
Os analistas do Credit Suisse, Roger Downey e Peter OConnor, em relatório encaminhado aos clientes, disseram que as notícias do reconhecimento por parte da China de que os preços podem precisar ser elevados em 5% a 10% deverá abrir o caminho, a nosso ver, para um acordo iminente em torno dos preços do minério de ferro.
Relatório do banco Pactual, que ouviu 58 investidores de ações sobre estas negociações, revela que na média ponderada, o reajuste do minério previsto pelos entrevistados é de 13,4%. Mas, a maioria – 41% dos que responderam ao questionário do Pactual – apontaram para uma alta entre 15% e 20% por considerarem que a oferta de minério está muito apertada no mercado.
Segundo o analista Jander Medeiros, responsável pelo trabalho, metade dos investidores prevê que o preço do minério deverá se manter estável em 2007 e a maioria espera equilíbrio entre oferta e procura em 2008 e 2009. Na visão desses investidores, o impacto dos recentes movimentos de consolidação da indústria siderúrgica sobre as negociações de preço no médio e longo prazo deverá ser limitado.
O Pactual, segundo Medeiros, continua projetando um aumento de 15%. Esta previsão se baseia numa avaliação de que o mercado de minério continua com oferta apertada. A avaliação dele é que existe excesso de demanda do produto e que a indústria do aço no mundo está operando com níveis bons de rentabilidade – não seria verdade que está com margens estreitas – e que há uma sobreoferta de aço na China.
Medeiros considera que 15% de reajuste é um aumento bom. Historicamente, desde 1981, tivemos quatro anos com aumentos acima de 15% (1982, 1990, 2004 e 2005), informou o analista.
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