O Garoto de Ouro, sem barreiras
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Um workaholic que pensa a Vale 24 horas por dia, mas que nem por isso deixa de se render ao paraíso. Para quem conhece de perto, ou teve a oportunidade de pelo menos conviver com esse jovem executivo de 46 anos, nenhuma outra definição pode resumir de forma mais precisa, em apenas uma frase, a personalidade de Roger Agnelli. Paulista da capital, ele sabe que o paraíso tem endereço e hora certa para ser vivido. É em Angra dos Reis, a cada fim de semana, que o executivo repõe as energias para retomar a dura rotina sempre marcada por reuniões de diretoria, encontros com acionistas e – principalmente quando o cliente é asiático – sofridas negociações de preços.
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De preferência ao lado da esposa e dos filhos, Agnelli curte a vida a bordo do Atitude, o iate que o leva para mergulhos no mar da Costa Verde. Além dos familiares, uns poucos privilegiados tiveram a oportunidade de desfrutar desse pequeno paraíso particular. Para não dizer que não leva trabalho para lá, o cenário já foi compartilhado por clientes da mineradora. Como que para ter certeza de que o Shangrilá é real, Agnelli costuma levá-los para fins de semana nos quais os negócios – ainda que admitidos – tornam-se meros coadjuvantes.
Renovado, o ex-garoto de ouro do Bradesco – de cujas fileiras foi indicado para o cargo de presidente do Conselho Administrativo da Vale, em 2000 – retoma o árduo cotidiano de estudioso negociador e implacável executivo. É uma grande pressão, principalmente se levarmos em conta que temos que administrar investimentos diários da ordem de US$ 10 milhões, além de orquestrar cerca de 15 mil pessoas ligadas apenas às nossas obras de expansão, confidenciou o executivo, em 2005, durante entrevista.
Desde 2001, quando assumiu a presidência executiva da mineradora em lugar do ex-embaixador Jório Dauster, não foram poucas, aliás, as ocasiões em que teve que mostrar um lado que, não raras as vezes, chegou a gerar inimizades. Uma delas, talvez a mais ruidosa, foi a do empresário Benjamin Steinbruch, da CSN. Com ele, travou no ano passado um memorável duelo não só pela mina de Casa de Pedra, mas também pelo controle da MRS Logística. Ao fim de uma desagradável derrota no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – sucedida por uma verdadeira batalha na Justiça Comum -, os raros encontros entre os dois tornaram-se interessantes e mútuas demonstrações de estrepitosa indiferença.
Na maior parte das vezes, porém, Agnelli vence. Como também em 2005, quando, ao fim de exaustivas conversações, conseguiu impor às siderúrgicas chinesas um reajuste de mais de 70% dos preços do minério de ferro. Escaldadas pelo resultado aziago, neste ano as mesmas siderúrgicas contam com o poder de pressão do governo chinês nas negociações de preços. Pode até ser que a equipe de Agnelli não consiga repetir o índice de aumento – o que analistas consideram mais provável -, mas o minério da Vale certamente não sairá barato.
Quem o conhece lembra, no entanto, que, se o executivo leva alguma vantagem sobre muitos outros, ela reside em sua capacidade de dividir tarefas e em um hábito aparentemente prosaico: quando se senta à mesa para negociar, Agnelli sabe tudo sobre o interlocutor. Um staff de sete diretores da Vale lhe garante a retaguarda, respaldado por um estilo de trabalho marcado pelo compartilhamento de informações.
Reza a lenda que, quando assumiu a presidência executiva da empresa, Agnelli deu uma de suas primeiras orientações: eliminar toda e qualquer barreira física que não só separasse os diretores entre si, mas que também dificultasse o trânsito de discussões com ele próprio, o número 1 da compa
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