Manda a boa educação doméstica que, em visita, não se pode insultar o anfitrião. Por isso, deve-se entender como uma cortesia aos pernambucanos a afirmação do diretor da CFN, Jorge Melo, ontem na Fiepe. A de que a Ferrovia Transnordestina chegará primeiro em Suape do que em Pecém (CE). Não que isso não nos conforte, agrade e sensibilize. Mas, por enquanto, isso ainda é mais uma intenção, a despeito de no programa eleitoral do PT a obra já ter sido iniciada e esteja a todo vapor para usar uma linguagem ferroviária.
Não é bem assim. O que há de obras é no sentido Salgueiro-Missão Velha (CE) e não há informações mais precisas sobre o traçado que virá dali para o Porto de Suape. Na verdade, existe uma diferença de ataque nas frentes do projeto. No trecho Missão Velha–Fortaleza a ferrovia praticamente será feira sobre o traçado já existente, portanto, tem começo, meio e fim. Tem projeto, empreiteira e obra rumo ao litoral do Ceará. O eixo Salgueiro-Suape, pelo menos por enquanto, é apenas um risco no papel.
O problema é que, apesar das declarações das nossas autoridades apostando na idéia de que em 2010 a ferrovia chegará a Suape e três anos depois a Pecém, há uma enorme dúvida na sociedade pernambucana sobre esse empreendimento. Os pernambucanos gestaram essa ferrovia há mais um século, mas ela nunca foi adotada. Mesmo na bitola métrica era mais um sonho que um projeto. É natural que estejam muito desconfiados. (Fernando Castilho)
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