Índios mantêm ocupação na Vale

Ainda não há acordo entre os índios da tribo Xicrin do Cateté e a companhia Vale do Rio Doce. Trezentos manifestantes invadiram a mina de Carajás, no Pará, na segunda-feira (16) e controlam o acesso à empresa em Parauapebas, no Sudeste do estado.


Os índios chegaram ao local em caminhões e montaram barreiras impedindo a saída dos funcionários, que depois foram liberados. Em protesto, fizeram a dança de guerra.


Eles pedem a construção de 60 casas, a manutenção de estradas da região e querem que a companhia aumente o repasse de recursos para a tribo. ´´A principal reivindicação existe porque tem quase dois anos que não há reajuste da verba que eles enviam para a comunidade´´, explica a índia Irediã Xicrin.


A Vale afirma que repassa R$ 9 milhões por ano para a Fundação Nacional do Índio (Funai) e para os índios e não haverá negociação. ´´O prejuízo é incalculável porque nós estamos parados. São pelo menos dois dias sem produção´´, diz o diretor José Carlos Soares.


Briga judicial
Na província mineral de Carajás fica a maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo, onde são produzidas 250 mil toneladas de minério por dia — 40% da produção da companhia.


Os executivos dizem que a invasão impede a empresa de cumprir contratos de exportação. O maior importador do minério de ferro da companhia é a China, que compra 18,2% da produção. Outros 26,4% seguem para a Europa. No exterior, o minério vira aço que é utilizado, por exemplo, na produção de carros e navios.


A Vale ainda não sabe quando vai retomar as atividades, mas conseguiu na Justiça a reintegração de posse. Os índios receberam o mandado, mas não deixaram a área.


Protestos
No Paraná e em Alagoas, outros índios também fazem manifestações.


Cerca de 300 integrantes da tribo Caiguangues invadiram uma usina da Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel) desde o fim de semana. A hidrelétrica produz energia suficiente para abastecer 30 mil pessoas.


Os trabalhos não foram interrompidos porque os índios mantêm três funcionários reféns, que estão trabalhando. Na quarta-feira (18), eles permitiram a troca de turno de um dos empregados.


O protesto deve continuar até a semana que vem, quando vai acontecer uma reunião entre os manifestantes e a diretoria da Copel. Os índios querem receber uma indenização pelos danos ambientais causados pela usina.


Em Alagoas, foram invadidas as sedes da Funai e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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Fonte: G1

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