O Brasil pode ter um apagão geral, a exemplo do que ocorreu em energia elétrica, em 2001, e do que está ocorrendo agora na aviação. Esse é o aviso geral de especialistas, que vêem com ceticismo as previsões do Governo sobre o início de um ciclo de crescimento robusto da economia.O País está deixando muito a desejar na área de infra-estrutura. É bom que tomem decisões urgentes, porque senão teremos outros apagões, afirma o diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José de Freitas Mascarenhas.
Segundo ele, com a crise fiscal do Governo, que não tem capacidade para investir na expansão dos serviços, é preciso abrir espaço para a iniciativa privada entrar e fazer as obras necessárias. Nesse sentido, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) podem dar novo ânimo ao setor. Não seriam a solução. Mas ajudariam bastante. A regulamentação do programa saiu em meados do ano, mas nenhum processo foi concluído até agora. O edital do primeiro projeto – que inclui as rodovias BR-116 e BR-324 na Bahia – ainda está em audiência pública.
O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, admite que, para o País crescer de forma mais robusta, é preciso um trabalho firme na inovação e melhoria da infra-estrutura. Mas ele afirma que se deve reconhecer que o Estado tem se esforçado para conseguir desatar alguns nós. Este Governo destinou duas a três vezes mais recursos às rodovias do que as administrações anteriores, frisou ele, em evento em São Paulo, semana passada.
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Passos afirmou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está finalizando estudo de viabilidade do Ferroanel – um dos projetos prioritários. A obra promete tirar o tráfego de trens de carga de dentro da cidade de São Paulo. Hoje a concessionária MRS tem de compartilhar os trilhos com os trens de passageiros, o que causa perda de produtividade, eleva os custos do transporte e diminui a capacidade da ferrovia. O ministro afirma que os estudos devem ficar prontos no próximo mês, mas a modelagem ficaria para o próximo ano.
Também na área de ferrovia, outro projeto que terá andamento em breve é a Norte-Sul, promete Passos. Segundo ele, o leilão de subconcessão está marcado para 6 de dezembro. Mas, nesse caso, só vendo para crer, afirmam analistas. O leilão já foi adiado duas vezes neste ano e o projeto foi requerido pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Ao lado da Ferrovia Transnordestina, a obra vai criar um caminho para os portos do Norte e Nordeste, desafogando os terminais do Sul e Sudeste. Os dois projetos foram lançados nas décadas de 80 e 90, sendo a Norte-Sul, no Governo Sarney, e a Transnordestina, no Governo Collor. Estamos no momento de partir para a ação, atacar a infra-estrutura e melhorar a produtividade da malha, afirma o presidente da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF), Mauro Dias.
Hoje, 54% do transporte de carga é feito por caminhões e 24%, por ferrovias. O que não significa que o País tenha estradas adequadas. Ao contrário. Segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), 75% dos 84 mil km de estradas pesquisados neste ano apresentaram algum grau de imperfeição, sendo 38,4% considerados regulares; 24,4%, ruins; e 12,2%, péssimos.
Resultado disso é o elevado custo logístico do País, afirma Saturnino Sérgio da Silva, diretor do departamento de infra-estrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Segundo ele, enquanto no Brasil o custo logístico representa 12,8% do Produto Interno Bruto (PIB), nos Estados Unidos é de 8,19%. Isso reduz a competitividade do produto brasileiro no exterior, diz Silva. Quando o presidente diz que quer crescer 5% ao ano, tem de combinar com os russos. Como crescer, se o concorrente tem custo logístico menor? Silva destaca que há gargalos por todos os lados.
Cadeia de problemas
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