Durante dois anos o projeto Memória Ferroviária, uma parceria entre a agência Notícia & Cia e Revista Ferroviária, localizou, fotografou e catalogou todas as locomotivas a vapor que ainda existem no Brasil. De norte a sul do país, em 190 cidades de 20 estados e do Distrito Federal, foram encontradas 419 máquinas. Dessas, 18 estão no Paraná. A pesquisa resultou no livro Inventário das Locomotivas a vapor no Brasil, lançado ontem, em São Paulo.
De acordo com a coordenadora do projeto, Regina Peres, o primeiro passo para a preservação das locomotivas é saber onde estão, em que estado se encontram e quem são os responsáveis pelas máquinas atualmente. “Nós fizemos o primeiro levantamento de todas as locomotivas a vapor. Catalogadas as máquinas, esse inventário pode servir de base para futuras iniciativas de preservação ferroviária”, explica Regina. Segundo ela, foram encontradas muitas máquinas preservadas, mas algumas estão sucateadas.
Das 18 locomotivas a vapor encontradas no Paraná, oito estão em Curitiba, uma em Guaíra, duas em Londrina, uma em Maringá, duas em Paranaguá, duas em Ponta Grossa, uma em Porecatu e uma em União da Vitória. Apenas a de União da Vitória está em operação, ou seja, ainda funciona. Cinco delas de Londrina, de Guaíra, de Maringá, União da Vitória e Ponta Grossa estão com as prefeituras. As outras máquinas de União da Vitória e de Ponta Grossa são propriedades particulares. “As locomotivas do Paraná não estão em péssimas condições, mas em dois ferro-velhos de Curitiba têm três locomotivas no limite para virarem sucata”, afirma Regina.
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Curitiba
Das oito locomotivas que existem em Curitiba, quatro estão no depósito de locomotivas da Associação Brasileira de Conservação Ferroviária (ABCF), uma está na Sucatas Sucapar e três estão no Barranco Comércio de Ferro e Aço. Na Barranco, quem acompanha as locomotivas, desde a chegada, é o senhor Paulo Takazaki, de 71 anos. Como conta Paulo, elas foram compradas em 1976, e na época ainda funcionavam. Ele diz que aprendeu como essas máquinas funcionavam em 1954, quando ainda estava no Exército. Quando saiu do serviço militar, em 1964, começou a trabalhar desmontando estradas de ferro, locomotivas e vagões. Muitas máquinas ali foram desmontadas, mas as três que hoje resistem serão guardadas. “O prazer que tenho é deixar isso na memória, faz parte da história”, diz Paulo.
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