O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou um financiamento de R$ 1,12 bilhão para a ALL (América Latina Logística). Trata-se do maior empréstimo já concedido pelo banco para o setor ferroviário. O marco anterior era uma operação de R$ 900 milhões para a Transnordestina.
O valor total do investimento da ALL será de R$ 2,87 bilhões até 2009. Os recursos do financiamento do banco serão usados principalmente para equiparar os padrões de produtividade da Brasil Ferrovias aos da malha sul da ALL (em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná). Segundo a empresa, o plano de investimentos até 2009 está dividido na compra de vagões via clientes (35%), via permanente (25%), locomotivas (25%) e tecnologia, terminais e outros (15%).
Em maio do ano passado, o BNDES e fundos de pensão venderam a Brasil Ferrovias para a ALL. O valor do negócio foi estimado em R$ 1,4 bilhão, mas a operação foi feita somente por meio de troca de ações. Com a aquisição, a ALL se tornou a maior empresa em logística independente na América Latina, com operações nas regiões Centro-Oeste e Sul, no Estado de São Paulo e na Argentina, em Buenos Aires, Rosário e Mendoza.
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A Brasil Ferrovias inclui a Ferronorte, a Ferroban e a Novoeste. Juntas formam um corredor que liga o Centro-Oeste ao porto de Santos. O foco de atuação da empresa é o escoamento da produção agrícola.
Segundo Demian Fiocca, presidente do BNDES, a Brasil Ferrovias passou por três etapas: reestruturação (quando o banco decidiu se tornar acionista da empresa, em maio de 2005), transferência do controle para a ALL e o início de um ciclo de investimentos. Esse financiamento é simbólico pelo valor e por ser destinado a um setor apontado até dois anos atrás como o mais grave caso de gargalo e insuficiência, disse.
Segundo o BNDES, o setor ferroviário tem investimentos em andamento da ordem de R$ 5,3 bilhões no período de 2006 a 2010. Há ainda R$ 7,13 bilhões em investimentos em perspectiva para o setor no período, que incluem obras como a implantação do anel ferroviário norte de São Paulo e a aquisição de vagões por concessionárias, clientes e empresas locadoras desses equipamentos.
Segundo Paulo Basílio, diretor de Tecnologia da ALL, a Brasil Ferrovias tem padrões de eficiência muito inferiores aos da malha da ALL no Sul. Na ALL, uma locomotiva percorre de 16 mil a 17 mil quilômetros em média sem apresentar problemas. Quando a Brasil Ferrovias foi comprada, esse indicador era de 1.500 quilômetros. Basílio estima que a performance das duas empresas se iguale dentro de três anos.
O volume de carga transportada deve crescer a um ritmo de 12% a 14% ao ano. Em 2006, o volume transportado na ALL e na Brasil Ferrovias somou 24,3 bilhões de TKU (tonelada por quilômetro útil).
Transporte de carga aumenta 73% desde 1996
O volume de carga transportado nas ferrovias brasileiras subiu 72,6% entre 1996, quando teve início a privatização do setor, e 2005, último dado disponível.
Apesar da alta, as rodovias continuam a ser o principal canal de transporte de carga no país, com 58% do total. Mais baratas e seguras, as ferrovias respondem por apenas 25% do volume transportado.
Desde 1996, as concessionárias que passaram a operar as ferrovias investiram R$ 11,53 bilhões na modernização do setor. Houve pouca ampliação da malha, que tem uma extensão de 29,5 mil quilômetros, dos quais 28,2 mil são destinados ao transporte de cargas.
Comparada às de outros países, é uma malha pequena. A Argentina tem quase 40 mil quilômetros, e os EUA, cerca de 200 mil.
No Brasil, as ferrovias foram essenciais para o aumento da exportação de commodities, principalmente o minério de ferro produzido pela CVRD (Companhia Vale do Rio Doce).
A mineradora opera suas próprias linhas e respondeu por 62,3% dos 221,6 bilhões de tku (tonelada por quilômetro útil) transportados em 2005, segundo dados d
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