Até março, estará concluído o estudo Impacto do Transporte e Logística no Comércio Internacional, que está sendo realizado pela Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) em parceria com o Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Uma equipe de cinco técnicos contratados pela Usaid está coordenando os trabalhos, voltados para o diagnóstico e solução de problemas para os gargalos nos modais portuário e aéreo que afetam os seis principais produtos da pauta de exportação cearense. São eles castanhas de caju, calçados, frutas, confecções, camarões e algodão, que respondem por 55% das remessas do Estado para fora do país.
As pesquisas foram iniciadas há dois meses e os dois modais escolhidos foram justamente aqueles utilizados pelos exportadores. “Estamos ouvindo todos os atores envolvidos, desde a ponta da produção, ou seja, fabricantes e produtores rurais, até transportadores, companhias de comércio exterior, armadores, agências marítimas, companhias aéreas e outros atores da cadeia”, explica o superintendente do CIN, Eduardo Bezerra Neto.
Após um diagnóstico detalhado dos gargalos, os técnicos vão se dedicar à elaboração de soluções que permitam um melhor escoamento das cargas para o comércio exterior, possibilitando assim um incremento do volume exportado e a redução de custos. “Não vou me antecipar às conclusões, mas podemos dizer de antemão que para resolver esses problemas é necessário, entre outros fatores, a integração dos modais rodoviário, ferroviário, portuário e aeroportuário. Para isso, precisamos da recuperação da malha rodoviária e da construção da Ferrovia Transnordestina”, defende Bezerra Neto.
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A ferrovia, que resgata um projeto ainda dos tempos do Segundo Império, vai interligar, na nova concepção, os complexos portuários de Pecém (CE) e Suape (PE). A construção foi iniciada no ano passado e tem previsão de estar concluída em quatro anos. O investimento total é de R$ 4,5 bilhões, o que inclui linha férrea, pátios de carregamento e terminais marítimos. Serão R$ 1 bilhão em recursos da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), R$ 823 milhões do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor), R$ 2,27 bilhões do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e R$ 400 mil do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Bezerra destaca ainda a necessidade de se integrar os dois portos do Ceará de forma a torná-los complementares e acabar a concorrência. “Atualmente temos um porto federal, o de Mucuripe, e o Complexo do Pecém, concorrendo por cargas, o que dificulta uma logística otimizada”, afirma.
O resultado do estudo será apresentado num seminário em abril, para o qual serão convidados representantes de todos os estados do Nordeste e haverá uma proposta da Fiec para que seja realizado um relatório logístico regional. “Os problemas que afetam as exportações do Ceará são comuns à maioria dos demais vizinhos nordestinos. Todos nós exportamos pouco e precisamos nos unir para exportar mais e garantir ganhos de escala, reduzindo custos e viabilizando a captação de novos clientes no mercado externo”, analisa. A proposta inclui a criação de uma rede de portos nordestinos, que também atuariam de forma complementar, otimizando a utilização das escalas de linhas de navegação. “Nossos portos têm de atuar juntos, ao invés de ficar brigando entre si”, acrescenta.
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