Durante reunião realizada ontem pela manhã, na sede da Famem (Federação dos Municípios do Estado do Maranhão), com o secretário de Planejamento do Estado, Aziz Santos, parte dos prefeitos dos 27 municípios que integram o Corredor Carajás, da Vale do Rio Doce, ameaçou interditar aquela ferrovia, como forma de pressionar a empresa a determinar a liberação de algo em torno de R$ 20 milhões, que estão retidos no BNDES, desde a privatização da CVRD, quando foi criado um fundo em benefício dos municípios localizados em sua área de influência.
Os recursos, destinados para serem aplicados em obras de saneamento básico, nunca foram liberados porque o BNDES nunca aprova os projetos. “Isso é uma irresponsabilidade muito grande, tanto por parte do BNDES como da Vale do Rio Doce. Defendo uma atitude mais agressiva, para que a empresa possa nos ouvir. Se interditássemos a ferrovia, certamente teríamos uma solução”, disse o prefeito Antonio Marcos Oliveira, o Primo, de Buriticupu.
O prefeito de Açailândia, Ildemar Gonçalves, disse concordar plenamente com a idéia do seu colega de Buriticupu. “Apresentamos projetos e mais projetos e nunca o problema é resolvido. Só uma medida de choque, para fazer com que o BNDES libere nossos recursos”, afirmou Ildemar.
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Para o prefeito de Vitória do Mearim, José Mário, uma medida de impacto, no momento, é de fundamental importância, para chamar a atenção de dirigentes da Vale e do BNDES. “Já estive até com o presidente da Vale, o Agnelli, no Rio de Janeiro. Ele prometeu equacionar o problema e, até hoje, nada foi resolvido. Também, aprovo a interdição dos trilhos da ferrovia da Vale”, disse José Mário.
O prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo, disse aos colegas que, cansado de tanto esperar, decidiu recorrer à Justiça, para receber os R$ 701 mil a que o seu município tem direito. O deputado federal Sebastião Madeira, presente ao encontro, defendeu que se faça uma ampla mobilização, para pressionar a Vale e o BNDES e se colocou à disposição, dizendo que irá mobilizar a bancada federal do Maranhão para entrar na briga em defesa dos prefeitos.
Leão Santos, de Arari, também se mostrou disposto a participar da mobilização contra a Vale, como forma de forçar a empresa a determinar ao BNDES a liberação dos recursos, apesar de afirmar que preferia uma solução negociada. Os prefeitos Gilberto Aroso, de Paço do Lumiar, Luís Fernando Silva, de São José de Ribamar e Áurea Bonfim, de Miranda do Norte, também se manifestaram, criticando duramente a Vale do Rio Doce.
Já o secretário de Planejamento, Aziz Santos, disse aos prefeitos que o governador Jackson Lago tem interesse na solução desse problema, destacando que sua equipe já está debruçada nos estudos técnicos, para verificar a melhor forma do governo estadual intermediar a questão.
“Vamos tentar uma negociação política. Nós, governo, prefeitos e a bancada federal. O governador Jackson Lago já conhece o problema, e vai lutar para intermediar a sua resolução”, disse Aziz Santos.
O presidente da Famem, Cleomar Tema, disse que a entidade, que levantou a questão, está disposta a qualquer ação, com vista à solução desse problema. Os prefeitos, segundo Tema, estão articulando um dia de protesto contra a Vale do Rio Doce.
Corredor Norte Sul – Presente ao encontro, o prefeito de Porto Franco, Deoclides Macedo, defendeu a inclusão de sua cidade e dos municípios de Estreito, Campestre do Maranhão, Ribamar Fiquene, Governador Edson Lobão, João Lisboa e Imperatriz, no Corredor Carajás. Ele disse que essas cidades, mesmo pertencendo ao Corredor Norte Sul, devem ser beneficiadas com os recursos do BNDES, já que a Vale utiliza seus solos.
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