Triste realidade. O governo federal injetará R$ 1,12 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na rede ferroviária da América Latina Logística (ALL) – dona da Ferronorte – mas nem um centavo será destinado à retomada da obra no trajeto de Alto Araguaia a Cuiabá.
Parte dos recursos do BNDES será destinada aos gargalos da Ferronorte, para que o trecho paulista da ferrovia tenha capacidade de atender à demanda atual, ao contrário do que ora se verifica, pela precariedade da linha, o que impõe a trafegabilidade lenta para minimizar os corriqueiros descarrilamentos causados pelas limitações daquela via implantada há décadas para suportar comboios de passageiros e cargas leves.
Não se discute a necessidade de modernização da ferrovia em São Paulo. Sem os investimentos que lhes serão destinados fatalmente ela entrará em colapso, o que comprometeria o escoamento da parte da safra agrícola mato-grossense destinada ao porto de Santos. Porém, em se tratando de recursos públicos, esperava-se que o governo Lula destinasse o montante para a retomada da construção de trilhos rumo norte a partir de Alto Araguaia, aonde a linha chegou no mês de agosto de 2002 e permanece até o momento.
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Obra ferroviária requer planejamento e grandes investimentos. Lamentavelmente, até agora, sequer há definição quanto ao traçado da Ferrovia Senador Vicente Vuolo – da Ferronorte – entre Alto Araguaia, Rondonópolis e Cuiabá. Esse fato sinaliza para o pior: o retardamento – e não se sabe até quando – da retomada do avanço da Ferronorte para o centro geodésico do continente.
Em Mato Grosso, no macro o avanço dos trilhos quebrará o quase monopólio de cargas pelas rodovias e criará uma matriz de transporte eficaz e rápida. Além disso, estudos de entidades representativas do segmento produtivo mato-grossense revelam que a chegada dos trilhos a Rondonópolis garantirá mais sete milhões de toneladas anuais para o sistema de transporte da Ferronorte. E grandes grupos empresariais demonstram interesse na compra de vagões para escoarem grãos, fibras e farelo de soja. Essa realidade jamais seria desconsiderada no mundo inteiro, mas, por aqui, parece que não é suficientemente capaz de sensibilizar as autoridades em Brasília.
O momento é delicado e impróprio para manifestações individuais. É hora de Mato Grosso se unir suprapartidariamente com apoio do empresariado e entidades representativas para defender junto ao presidente Lula da Silva que paralelamente às obras previstas para o trecho paulista da ferrovia, se inicie o avanço dos trilhos para Rondonópolis e Cuiabá.
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