A retomada da Ferroeste pelo governo do Paraná não é a causa do gargalo no escoamento da produção do Oeste do Estado. O problema está relacionado aos 10 anos em que ferrovia ficou privatizada numa administração danosa aos interesses da região voltada à agricultura familiar e ao agronegócio. A constatação é de lideranças políticas e empresariais que apontam ainda que, no período, a ferrovia deixou de transportar mais de 20 milhões de toneladas, gerando um prejuízo de R$ 370 milhões – R$ 140 milhões só em pedágio rodoviário.
“Na verdade, nós da associação comercial, temos uma grande decepção com a privatização da ferrovia. Essa má privatização fez com que até hoje a ferrovia não chegou ao nível de satisfação esperado pelos nossos associados em relação ao escoamento da safra e da produção”, disse o presidente da Associação Comercial e Industrial de Cascavel, Guido Bresolin Jr.
Bresolin disse que a ferrovia já deveria, há tempos, estar operando mais fortemente do que ocorre hoje. O dirigente sustenta que o trecho ferroviário é resultado de uma luta antiga de empresários e produtores da região Oeste. “A ferrovia foi feita para baixar os custos de transportes da safra, o que não ocorreu”. “É muito cedo para fazer qualquer avaliação sobre a retomada pelo Governo do Estado. Para recuperar os anos perdidos, vai precisar de muito trabalho”, concluiu.
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Atender aos pequenos – O empresário Ivo Riedi aponta que a operação da Ferroeste está ocorrendo normalmente. “A situação de embarque e desembarque de produtos está tudo normal, conforme nossos relatórios. O pessoal vem sendo bem atendido e inclusive vem demonstrando grande satisfação com a possibilidade de melhorias que vem sendo anunciada pela direção da Ferroeste”, disse Riedi, membro do conselho de usuários da ferrovia.
“Do jeito que estava até o ano passado, a ferrovia estava muito devagar, não tinha condições de trabalhar com o sistema ferroviário”, recordou. De acordo com Riedi, com a viabilização da Ferroeste, o sistema de transporte do Estado vai melhorar muito. “Antes do Governo do Estado reassumir, só as grandes empresas tinham acesso. Agora, os pequenos também serão atendidos”.
Mudança necessária
“Sei que da forma como estava sendo operada a Ferroeste não podia ficar. O investimento feito pelo Estado para melhorar as condições de transporte dos grãos dos nossos produtores não estava sendo utilizado corretamente”. A avaliação é do ex-governador Emílio Gomes, um dos principais incentivadores do sistema ferroviário do Paraná e do Brasil. Emílio Gomes disse que o Estado investiu dinheiro do povo para garantir a construção da ferrovia, baratear os custos de transporte e dar mais competitividade aos produtos do Paraná no mercado brasileiro e do exterior. “Quando foi feito o leilão de subconcessão da ferrovia, faltou um contrato melhor”, aponta. Com a privatização, segundo Emílio Gomes, o serviço não mantido adequadamente. “O sistema de transporte foi caindo a cada ano. Para se ter uma idéia, até o ano passado quem estava dando suporte a esta empresa era a ALL (América Latina Logística) – responsável pela tração dos vagões de Guarapuava até o Porto de Paranaguá”. Baratear custos – A ampliação do volume transportado pela Ferroeste poderá contribuir no desempenho Eadi-Cascavel (Estação Aduaneira do Interior de Cascavel). A avaliação é de Sidney Pinheiro Gonçalves, diretor da Codapar (Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná), responsável pela administração do Porto Seco de Cascavel.
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