O sistema de transportes de massa no Brasil vai passar por um grande colapso, um apagão, devido ao crescimento urbano, caso o governo não consiga identificar os gargalos na infra-estrutura do setor. A opinião é do presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), João Luiz da Silva Dias. Ele foi um dos convidados para a audiência pública desta quinta-feira (29) na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI), realizada para discutir a situação em que se encontram os investimentos nos sistemas de trens metropolitanos no país.
Para João Luiz Dias, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê investimentos da ordem de R$ 1,5 bilhão para o setor metroferroviário brasileiro nos próximos quatro anos,não foi desenvolvido somente com o objetivo de injetar recursos no sistema econômico, mas também para identificar os gargalos na infra-estrutura do país.
– E um dos maiores gargalos é exatamente o transporte urbano nas cidades, que concentram 82% da população brasileira – afirmou o presidente da CBTU.
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Na opinião do presidente do CBTU,os investimentos na área de transporte por trens são bem vindos, mas é preciso estar atento também para outros problemas que precisam ser resolvidos, como o custo social do transporte urbano.
– O transporte urbano tem que ser visto como um direito público. Muitos pobres estão excluídos desse tipo de transporte pelo preço. Por isso, utilizam sistemas alternativos, como a motocicleta, que é bem mais barata, mas acarreta outros tipos de problemas, como congestionamentos e acidentes – destacou José Luiz.
Já para o diretor da concessionária Super Via, do Rio de Janeiro, Amim Alves Murad, os gastos com energia elétrica são um dos maiores problemas do setor metroferroviário do país, pois representam 25% do custo operacional do setor.
– Precisamos equilibrar as concessões de energia elétrica para reduzir mais ainda o preço das passagens de trens, que já são mais baratas se comparadas com os ônibus e com as vans – explicou Murad.
Ao referir-se à rede ferroviária carioca, o presidente da Supervia informou também que é preciso tornar esse meio de transporte urbano mais atraente e confortável, com o objetivo de reconquistar os usuários que migravam para outras modalidades de transporte.
– Foi a degradação do serviço por metrôs que fez com que muitos usuários migrassem para outras modalidades de transporte. Precisamos reconquistar esses passageiros, recuperando e modernizando os sistemas metroferroviários – explicou.
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