Há pouco mais de um ano à frente da gestão da malha ferroviária que corta Mato Grosso do Sul, a América Latina Logística vê nas parcerias com grandes empresas a solução para garantir investimentos no setor. Nomes como MMX Metálicos e VCP (Votorantin Celulose e Papel), além do potencial sucroalcooleiro do Estado, estão na mira da ALL, que espera recursos que permitam mais do que a manutenção da via permanente, mas também o incremento da atividade ferroviária.
Nesta quinta-feira (23 de agosto), a diretoria da empresa reuniu empresários e autoridades na Casa da Indústria, em Campo Grande, para anunciar sua intenção: contratos com potenciais grandes usuários que, ao injetarem capital na empresa, permitirão também o atendimento às médias e pequenas empresas. O plano de negócios foi apresentado pelo presidente da ALL, Bernardo Hees. “Fechando projetos com grandes consumidores, é possível viabilizar o transporte para os pequenos e médios usuários”, resumiu.
Nesse sentido, dois contatos já foram estabelecidos. Hees destacou que foi oferecida à MMX uma proposta de R$ 280,5 milhões, que permitiriam a reestruturação da malha ferroviária entre Corumbá (onde estão as áreas de extração e a siderúrgica da mineradora) e o porto de Santos/SP. Desse total, R$ 70 milhões seriam direcionados para a aquisição de locomotivas.
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Já a VCP – que constrói uma das maiores fábricas de celulose do mundo em Três Lagoas – foi convidada a investir R$ 293,5 milhões, que seriam direcionados para ligar o Bolsão do Estado a Santos (envolvendo a compra de locomotivas, manutenção da via e aquisição de vagões). Somadas, as duas propostas seriam capazes de fomentar o sucateado setor ferroviário sul-mato-grossense.
Hees informou que, entre junho de 2006 e o mesmo mês deste ano, foram investidos R$ 63,5 milhões na manutenção da via permanente da ALL no Estado (conhecido como “malha norte” da empresa). O mesmo montante deve ser aplicado nessa finalidade até junho de 2008. E, até o final deste ano, a empresa estima aplicar R$ 70 milhões no trecho, dos R$ 550 milhões previstos para toda a ALL no Brasil.
Ainda não há uma resposta das consultadas quanto à “parceria”, agora relatada a empresas que possuem interesse direto na ferrovia – um meio de transporte que permite, dentre outros benefícios, um custo até 50% menor no frete de mercadorias. “Tudo o que vier vai contribuir para a infra-estrutura”, destacou Sérgio Longe, presidente da Fiems, após avaliar como “baixo” o atual investimento da ALL na malha ferroviária. “Mais importante agora para a ferrovia é viabilizar Corumbá”, opinou.
Desempenho – Bernardo Hees relatou que, desde 1997, a ALL mais que dobrou seu faturamento no País, saltando de R$ 11 milhões para R$ 26 milhões. Em Mato Grosso do Sul, a empresa registra avanços graduais nas operações neste ano – o volume transportado passou de 40 mil toneladas para 60 mil toneladas em junho. Já na manutenção, em um ano foram trocados 100 mil dormentes. “Aqui encontramos até trilho sobre madeira”, narrou. Se a perspectiva começa a se desenhar positivamente para o transporte de cargas, ao menos momentaneamente há uma má notícia para os saudosistas dos antigos trens de passageiros: a ALL não tem autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres para oferecer esse tipo de serviço.
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