O País precisa de investimentos de R$ 223,8 bilhões em logística, segundo empresários da área de transportes. Esse é o valor dos projetos listados no Plano de Logística para o Brasil, lançado ontem pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), com o objetivo de firmar a posição do setor privado a respeito das prioridades nos investimentos. “Na nossa área, o apagão pode vir mais rápido do que na eletricidade”, disse o presidente da entidade, Clésio Andrade.
O plano é mais abrangente que o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e que o Plano Nacional de Logística de Transportes (PNLT), ambos elaborados pelo governo. O programa da CNT incorporou os projetos do PAC e propôs outros, que poderão balizar a atuação do governo mais adiante, segundo Andrade. A iniciativa foi considerada positiva pelo Ministério dos Transportes.
O PAC prevê investimentos de R$ 52 bilhões em logística até 2010. A proposta da CNT é de um total quatro vezes maior. O dinheiro para tocar os projetos adicionais viria, em parte, de um novo fundo que está sendo proposto pela entidade e seria formado por ações do governo em empresas estatais e outros ativos.
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Andrade admitiu que seu plano é ambicioso em comparação com o que vem sendo executado nos últimos anos, mas é compatível com o que outras economias emergentes estão fazendo. “Não é exagero, se pensarmos que a Índia investiu US$ 100 bilhões em transportes no ano passado.”
A CNT pretende apresentar seu plano ao Ministério dos Transportes e ao Planalto, além do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
CARGAS E PASSAGEIROS
Estruturado em nove eixos, o plano contempla projetos para o transporte de cargas combinando rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. A lista de prioridades abrange o transporte de passageiros, como a construção de 350 quilômetros linhas de metrô e a implantação do trem de alta velocidade entre Rio e São Paulo.
A entidade defende, ainda, a construção de um terceiro aeroporto nas proximidades da capital paulista. Estudos preliminares da CNT apontam Praia Grande, no litoral, como a área mais adequada para atender aos portos da região e para servir de alternativa aos passageiros que saem da região do ABC, desafogando Congonhas.
Os investimentos, segundo Andrade, seriam feitos com dinheiro do governo, com concessões à iniciativa privada e por meio de Parcerias Público-Privadas (PPP). “O problema é a capacidade gerencial do governo.” Para ele, a deficiência administrativa é a principal razão pela qual concessões e PPPs federais não deslancharam. Mesmo que sejam financiadas com recursos privados, essas obras demandam a elaboração de projetos detalhados, que são tarefa do governo, afirmou Andrade.
Na área de rodovias, o plano da CNT prevê a construção de 5.122 quilômetros de novas rodovias e a duplicação de mais 14 mil quilômetros. As estradas seriam integradas com ferrovias, hidrovias e portos, com a construção de 54 novos terminais intermodais.
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