A mineradora MMX, cujo acionista majoritário é o empresário Eike Batista, anunciou ontem o seu plano de investimentos para elevar sua capacidade de processamento de minério de ferro no sudoeste brasileiro de 8,7 milhões para 33,7 milhões de toneladas anuais a partir de 2015. A empresa pretende aplicar R$ 5 bilhões. O projeto mais amadurecido é o da extração e beneficiamento nas duas minas que a empresa tem na região de Serra Azul, no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais.
Segundo informou Roger Downey, presidente e diretor de relações com investidores da MMX, a intenção é aplicar R$ 3,5 bilhões (o equivalente a US$ 1,9 bilhão, de acordo com os cálculos da empresa) para passar a extrair 23,7 milhões das minas Ipê e Tico Tico. Desse total, US$ 500 milhões virá de capital próprio e US$ 800 milhões de um consórcio de três bancos privados, os quais emprestarão com carência de 36 meses e prazo de dez anos, aplicando taxa Libor mais 2,5% ao ano.
Segundo Downey, uma cláusula de confidencialidade impede a divulgação dos financiadores neste momento. Em um segundo momento, esses bancos financiadores farão a captação de mais US$ 600 milhões, preferencialmente em instituições oficiais, como o BNDES e os bancos de desenvolvimento da China, da Coreia do Sul e dos Estados Unidos. Os restantes R$ 1,5 bilhão correspondem à estimativa da MMX para tornar operacional o projeto de mineração em Bom Sucesso (MG), onde a mineradora espera retirar 10 milhões de toneladas anuais.
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Além do investimento minerário, a empresa planeja expandir a capacidade de seu superporto Sudeste, na região de Itaguaí (RJ), que ainda está em construção, o que faria o terminal atingir capacidade de movimentar 100 milhões de toneladas por ano. “Já compramos o terreno para isso e estamos agora buscando as licenças ambientais. A demanda para 50 milhões de toneladas está garantida, com a produção futura de Bom Sucesso, Serra Azul e do minério de Pau de Vinho”, afirmou Downey. Está última mina foi arrendada da Usiminas, que deverá ser explorada conjuntamente, conforme acordo assinado em novembro entre as duas companhias.
Hoje, o minério da MMX é escoado pelos trilhos da MRS Logística e exportado através do porto pertencente à CSN. Este ano, de acordo com os balanços divulgados pela empresa, já foram comercializadas 5,28 milhões de toneladas de minério, o que supera o resultado total de 2009 (4,7 milhões) e de 2008 (4,8 milhões).
Segundo Downey, o crescimento da produção mineral não acarretará problemas de frete. “Já notificamos a MRS do aumento previsto da utilização para os próximos dois anos, conforme foi estabelecido em nosso contrato e estamos agora na fase comercial da negociação. A MRS é parte fundamental do nosso sistema”, afirmou. Os trilhos da ferrovia ficam a dez quilômetros da área de beneficiamento e parte do investimento será para a construção de uma correia de transporte até os vagões.
A MMX buscou este ano dois sócios estrangeiros para alavancar suas operações. Em fevereiro, vendeu 21,5% de seu capital para a siderúrgica chinesa Wisco, que, com isso, fez um investimento de R$ 400 milhões e garantiu a compra de metade da produção de ferro da empresa pelos próximos 20 anos. Em setembro, a MMX recebeu aporte de R$ 700 milhões da sul-coreana SK Networks, que viabilizou a aquisição do porto de outra controlada do grupo, a LLX, pela MMX e sua expansão. A entrada da SK no capital ainda está em fase de conclusão. Não há ainda uma definição exata da fatia que a empresa asiática passará a deter – ficará em torno de 11%.
A MMX é uma das empresas – e a única que já está fase operacional – do conglomerado EBX, formado ainda pela OGX, LLX, MPX e OSX. A maior parte dos US$ 15 bilhões que Eike Batista pretende movimentar nos próximos anos está concentrado nas áreas de petróleo e gás. A mineração fica com 15% do pacote.
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