A indicação de Tito Martins para a presidência da Vale, conforme adiantou a Folha na edição de ontem, acalmou os ânimos na diretoria da mineradora e entre seus empregados, que temiam ingerência política na administração.
Martins é diretor-executivo de Metais Básicos da Vale e presidente da sua subsidiária canadense, Vale Inco.
A especulação em torno de nomes indicados pelo Planalto para presidir a empresa e a pressão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para a substituição de Roger Agnelli haviam gerado protestos dentro da mineradora.
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Os diretores planejavam deixar coletivamente seus cargos com a saída de Agnelli. Tal decisão, apurou a Folha, perdeu força e está praticamente descartada com a escolha de Martins, empregado da companhia desde 1985 e que construiu uma sólida carreira na empresa.
Temerosos com um eventual uso político da companhia – que foi estatal até 1998-, um grupo de empregados protestou em redes sociais da web e estudava realizar manifestação pública contra a saída de Agnelli.
A indicação da Martins esfriou os atos de apoio à gestão atual da empresa.
Martins é ligado a Agnelli, mas tem fama de hábil negociador. Por isso, a expectativa é que consiga manter um relacionamento mais cordial com o governo.
Sua escolha, amparada pelo Bradesco, foi interpretada como barreira a um eventual retrocesso na gestão da companhia, cujos resultados se multiplicaram pós-privatização e, principalmente, na gestão Agnelli.
Durante os dez anos de Agnelli à frente da Vale, o faturamento passou de US$ 4,1 bilhões no ano de 2001 para US$ 46,4 bilhões em 2010; o lucro, de US$ 1,3 bilhão para US$ 17,3 bilhões; e a produção de minério de ferro subiu de 134 milhões de toneladas para 297 milhões.
No primeiro escalão, a única baixa deve ser a diretora-executiva Carla Grasso (RH e Serviços Corporativos). Ligada à oposição ao PT, é vista como braço direito de Agnelli por fazer cumprir todas as suas determinações.
Sucessão
Está prevista para hoje uma reunião do Conselho de Administração que deve tratar da sucessão na companhia. Agnelli e os demais diretores-executivos têm mandato até 21 de maio.
O nome tem de ser aprovado pelos acionistas controladores com 75% do votos -percentual que Previ e BNDES, ligados ao governo, só alcançariam com o apoio do Bradesco. A outra sócia controladora, a japonesa Mitsui, costuma se abster em decisões polêmicas.
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