O adiamento da entrega das propostas e do leilão do Trem de Alta Velocidade brasileiro pode representar um fortalecimento da indústria nacional, que ganhará fôlego para participar do projeto. O setor ganha mais três meses com o adiamento anunciado nesta quinta-feira (07/04), pela ANTT, e poderá consolidar melhor as propostas.
“Não está atrasando. Todo o tempo, do primeiro e do segundo adiamento, podem ser recuperados mais a frente de forma consolidada”, explica o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate.
Ele explica que o adiamento foi benéfico tanto para o governo como para os interessados. O governo poderá avaliar melhor as questões apresentadas pelos grupos e o prazo também poderá ampliar o número de interessados, tanto no fornecimento como nas questões que envolvem projeto, como a especulação imobiliária.
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O presidente da Abifer destaca a necessidade de manter e até aumentar o uso de conteúdo nacional de material rodante, sinalização e superestrutura, estipulado em 20% no edital do TAV. Ele lembra que a indústria nacional tem qualidade e prazo para o fornecimento. Segundo ele, se o governo conceder incentivos fiscais, a indústria nacional poderá ter preços competitivos com fornecedores asiáticos, que se beneficiam do câmbio favorável em relação ao Brasil.
Após o adiamento do leilão, empresas da França, Espanha, Coréia, Alemanha, Japão, China e Itália reafirmaram o interesse em participar do projeto. Os estrangeiros devem se unir à indústria e empreiteiras brasileiras na formação dos consórcios. A expectativa já anunciada pela ANTT é de que três ou quatro grupos apresentem propostas.
A Alstom reforçou seu interesse no projeto e declarou em nota que “permanece à disposição para discutir e oferecer seu suporte técnico para o governo brasileiro”. A Bombardier anunciou que “seguramente esse adiamento vai permitir estudar novas soluções e procurar outros equilíbrios”.
Os coreanos, representados no Brasil pela Trends, ganharam mais tempo para continuar negociando com as empresas para reforçar seu consórcio. Representantes da espanhola Talgo, que estiveram no Brasil no mês passado, também mantêm seu interesse no projeto.
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