Com recordes sucessivos em movimentação de cargas, o Porto de Santos tem pela frente um cenário de crescimento ainda maior graças ao equilíbrio fiscal estabelecido com o fim da guerra dos portos. O crescimento da demanda de exportações, com destaque para a soja, fez o movimento crescer 17% só no primeiro bimestre e ampliou a expectativa para 2012, agora superando 100 milhões de toneladas. Em 2011, foram 97,1 milhões, também um recorde, com crescimento de 1,2% sobre 2010.
Os US$ 482 bilhões de movimentação de trocas comerciais o colocam em primeiro lugar no ranking nacional, superando quase quatro vezes a soma dos três concorrentes seguintes – Vitória, com (US$ 43,2 bilhões), Itaguaí (US$ 35,1 bilhões), e Paranaguá (US$ 32,4 bilhões). O volume consolida o complexo como o grande hub port do país.
Localizado ao lado de regiões de concentração do PIB nacional, incluindo São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, escoa um de cada quatro reais da balança comercial. Sua matriz diversificada, com multifuncionalidade de terminais, permite atender granéis líquidos e sólidos e cargas gerais com a mesma desenvoltura.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Os resultados têm correspondência no ritmo de investimentos, tanto públicos quanto privados. Até 2015, serão mais de R$ 7 bilhões, estima o presidente da Codesp, José Roberto Correa Serra. Na área privada, são R$ 3 bilhões no curto prazo. Embraport e Brasil Terminal Portuário (BTP) investem respectivamente R$ 2,3 milhões e R$ 1,8 milhão em operações com início marcado para os próximos doze meses. Da EcoRodovias, que acaba de arrematar o terminal Tecondi, são mais R$ 200 milhões. Itamarati e MST respondem por R$ 100 milhões e R$ 66 milhões, respectivamente.
Para mapear as demandas de infraestrutura para atender o ritmo de crescimento do porto, a Codesp preparou um Plano Diretor indicando ações de curto, médio e longo prazos para equacionar questões como a acessibilidade marítima e terrestre e a estrutura de cais. “Não adianta fazer do porto uma Disneylândia cercada pela Faixa de Gaza”, compara o presidente da Codesp. “Estamos brigando por um projeto de desenvolvimento logístico desde o planalto até aqui.”
As verbas públicas sustentaram iniciativas para maior acessibilidade, como o programa de dragagem, que elevou a profundidade de 12 para 15 metros, e de alargamento do canal de acesso, hoje com 220 metros de largura, medidas que permitem a chegada de navios de grande porte, como o super post panamax, e o tráfego concomitante de duas embarcações em sentido contrário. A obra requereu a incorporação de novas tecnologias, como o sistema de Controle de Tráfego Marítimo (VTMIS), cujo processo licitatório deve ser deflagrado em junho, bem como um sistema de inteligência de tráfego em terra.
Só de investimentos do governo federal a título do Programa de Aceleração do Crescimento, serão R$ 1,6 bilhão até 2014, com acessos refeitos para atender as demandas até 2025, segundo Serra – incluindo berços com cais refeitos ao longo de 13 km e as rodovias perimetrais de ambas as margens. Ainda estão em pauta mais 15 projetos, como os R$ 2,6 bilhões para a licitação de arrendamento do terminal de veículos da Prainha e os 530 milhões do terminal de passageiros no Valongo. Com diversos contratos de arrendamento sendo concluídos até 2014, faz parte do planejamento a consolidação de áreas para criação de terminais maiores, sete na região do Saboó.
Do lado de fora do porto, são discutidas ações para melhorar a fluidez do tráfego rodoviário e reduzir a concentração neste modal. Além de melhorias nas rodovias Padre Manoel da Nóbrega, Conego Domênico Rangoni e Anchieta, são indicadas necessidades nas áreas ferroviária, como o Ferroanel, a duplicação de cremalheiras e de alguns trechos e a construção de um viaduto rodoviário sobre a linha na Ilha do Barnabé, enquanto no modal hidroviário o objetivo é a utilização dos 200 quilômetros de vias interiores para interligação por barcaças. ” Carbocloro e Libras já solicitaram a montagem de terminais no final do canal para fazer tratamento de carga por barcaças. Daria para levar passageiros de Cubatão para Santos”, ilustra Serra.
As medidas são vitais para atender as expectativas futuras, já que o porto está próximo da saturação. “Com todas as ampliações, estaremos prontos para movimentar 180 milhões de toneladas de carga em cenário pessimista”, estima o presidente da Codesp.
Seja o primeiro a comentar