Um pacote de obras rodoviárias e ferroviárias voltadas para impulsionar a economia fluminense está sendo negociado com a União. O principal ponto prevê a ampliação do que já é uma das maiores obras em andamento no estado, o Arco Metropolitano, estimado em mais de R$ 1 bilhão. Em vez de terminar em Manilha, Itaboraí, a autoestrada ganharia um novo trecho de 15 quilômetros até Venda das Pedras, na junção com a RJ-114, fechando assim um trajeto até Maricá. Uma espichada que deverá custar R$ 600 milhões.
Todas as obras negociadas representam um investimento de cerca de R$ 4 bilhões no Rio. O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, que esteve semana passada no Rio, disse ter achado interessante o pleito.
— Há uma consideração do estado para que se ajuste o traçado. Nós estamos estudando. Trata-se de uma região muito adensada de fato. O governo estadual quer que o Arco vá até Venda das Pedras. A preocupação é conectá-lo à rodovia (RJ-114) que desce para Maricá — disse o ministro Paulo Sérgio Passos, que esteve com o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes.
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Duplicação da Rio-Santos até Mangaratiba
O projeto é ainda uma reivindicação do prefeito de Maricá, Washington Quaquá (PT), preocupado com o impacto no trânsito. Para ele, com a integração à RJ-114, o Arco não agravaria os engarrafamentos em Manilha, Maricá, São Gonçalo e Itaboraí.
A obra do Arco Metropolitano, iniciada em 2008, tinha orçamento de pouco mais de meio milhão. Mas uma série de questões técnicas e imprevistos — foram achados mais de 20 sítios arqueológicos — engordaram os custos. E atrasaram o projeto. Previsto inicialmente para 2010, o Arco só será concluído em 2014.
Na reunião na Secretaria estadual de Transportes, o ministro discutiu outras obras. Como a União prepara mais investimentos de cerca de R$ 15 bilhões no PAC da Mobilidade, o Rio começa a se movimentar para garantir uma fatia deste bolo. Uma outra aposta é a duplicação da BR-101 (Rio-Santos) — já em andamento entre Santa Cruz e Itacuruçá — também no trecho até Mangaratiba. Com a nova proposta, que prevê a duplicação dos túneis já existentes, a obra sairia por R$ 1,5 bilhão, R$ 5,5 bilhões a menos do que o projeto original do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Por questões topográficas e ambientais, a partir de Mangaratiba, onde estão as usinas de Angra 1 e 2, seriam feitos ajustes para aumentar a capacidade da rodovia, sem intervenções radicais.
— A BR-101 tem uma importância fundamental. A gente vai avançar duplicando, mas, depois de Mangaratiba, seria feita uma adequação de capacidade. Precisamos levar em conta a acessibilidade, a questão ambiental. A região é delicada, tem muitas encostas. Mas é possível fazer melhorias que possam dar maior operacionalidade à rodovia — observou Paulo Sérgio Passos.
Na mesma região, a antiga reivindicação de pavimentar nove quilômetros da BR-494, que criaria uma alternativa de rota de fuga em caso de acidente nas usinas, também está no pacote.
Só ferrovia até Porto do Açu custaria R$ 2,2 bilhões
Por último, também foi discutido o projeto de um ramal ferroviário, ligando o Porto do Rio ao Porto do Açu, de Eike Batista. A ideia é buscar parceiros na inciativa privada, além do próprio grupo EBX. Um deles pode ser a Vale. O ministro estima que, dentro de três meses, a modelagem do projeto estará pronta:
— Ainda não cogitamos compensações tributárias, mas uma das hipóteses seria permitir que concessionárias ferroviárias, que assinaram termos de ajustes de conduta, pudessem reverter para o projeto recursos que devem destinar à União.
O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, acredita num acordo com a União, em especial porque alguns envolvem uma região importante.
— A região econômica do petróleo, por exemplo, precisa de um equacionamento logístico, rodoviário e ferroviário de longo prazo — observou Lopes.
Se a costura for bem feita, a ferrovia, orçada em R$ 2,2 bilhões, poderá ser inaugurada em 2015. A melhoria dos acessos rodoviários até o Porto do Açu também está na pauta.
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