Um passeio entre Campinas (SP) e Jaguariúna (SP) fez passageiros lembrarem tradições mantidas nas primeiras décadas do século XX a bordo de uma locomotiva ano 1952 restaurada pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). O trabalho preservou características originais da composição adquirida pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, fundada em 1872.
“Nós somos um museu dinâmico, em movimento, que é o trem funcionando”, explicou o diretor da ABPF, Helio Gazetta Filho. Além da recuperação dos carros de passageiros, houve manutenção dos assentos feitos em couro ou madeira, usados na época pela primeira e segunda classes, respectivamente. O restauro também incluiu o piso de madeira, bagageiro e uma sala específica para uso de autoridades, onde há poltronas estofadas e vista privilegiada durante o percurso.
No restaurante onde era proibida a entrada de mulheres, na década de 1920, a estagiária de maquinista Daiane Miranda comenta as mudanças de comportamento da sociedade. “Havia esse tabu com a mulher. Elas não aprendiam a ler, escrever… Ainda bem que mudou para melhor”, comemora. Ela realiza o curso para a função há três anos.
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O ferroviário aposentado Ivo Arias também endossou a opinião da estudante. “O que ela [Daiane] sabe sobre ferrovia, em todo esse meu tempo de ferroviário, de quase 60 anos, há coisas que eu não sei e ela sabe”, admite.
Detalhes e recuperação
Os lustres instalados na época foram identificados por meio de uma fotografia antiga e refeitos. “Ele é tão complexo que várias fundições e empresas que fazem lustres não quiseram fazer. Daí nós conseguimos com um senhor, de uma fundição pequenininha, que aceitou o desafio”, lembrou o diretor da ABPF, Helio Gazetta Filho.
O técnico de manutenção de locomotiva Rodrigo Cunha diz estar satisfeito com o trabalho realizado pela equipe durante pelo menos 12 meses. “Ver tudo pronto é muito emocionante”.
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