O governo anunciou o adiamento da licitação para a construção do trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo por pelo menos um ano (o prazo para a apresentação das ofertas terminaria em 16 de agosto). Esta é a quarta prorrogação desde 2010. Apesar da medida, o governo garante que a data para início do funcionamento comercial do trem está mantida para junho de 2020. O projeto deve estar pronto um ano antes para a realização de testes operacionais.
Na visão de Vicente Abate, presidente da Abifer – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, o adiamento é compreensível, porém o novo prazo dado é extenso demais. “Se fossem 90 dias, tudo bem. Mas esperar por um ano pode até comprometer a credibilidade do projeto, que já foi postergado anteriormente por não terem sido apresentados modelos tão atrativos como é o atual”.
De acordo com relatório da Abifer, no último ano o setor produziu 2.918 vagões de carga, 207 carros de passageiros e 70 locomotivas, que resultou em faturamento de R$ 4,3 bilhões. A projeção para 2013 é de alta de cerca de 15%, com a produção de vagões atingindo a marca de três mil unidades, a de carros entre 350 e 400 e de locomotivas em torno de 100. O faturamento deverá ficar em torno R$ 4,9 bilhões.
“O setor já esteve ruim, teve boa reação e, hoje, espera regularizar e subir de patamar”, afirma o presidente da entidade. “É um mercado cíclico, mas certamente vamos reagir, ainda mais com o Programa de Investimento em Logística (PIL)”.
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De 2003 a 2013 o setor investiu cerca de R$ 1,5 bilhão em ampliações e modernizações das instalações fabris existentes, novas fábricas e novas tecnologias. “Com o PIL, o aumento da malha ferroviária será ampliada. A indústria prevê que até 2030 serão 45 mil km de ferrovias de carga no País”, aponta o executivo, complementando que atualmente o Brasil conta com 30 mil km de malha ferroviária e que outros 5 mil km estão em fase de construção.
Outro ponto mencionado por Abate é o problema da mobilidade urbana. “O governo tem se preocupado com este assunto e estamos pleiteando melhorar a malha urbana. Só temos mil quilômetros de malha. A expectativa é quadruplicar esse número até 2020”, finaliza.
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