O convênio firmado entre a VALEC e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) para resgate e coleta de fósseis animais já começou a gerar resultados. Na última semana, uma equipe de pesquisadores trabalhou em um dos três sítios paleontológicos já identificados no município baiano de Guanambi, por onde passa a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL).
Apesar de terem sido encontradas dezenas de pedaços de ossos e dentes, essa primeira busca foi considerada regular. A coordenadora do projeto, Carolina Scherer, explicou que essa tarefa consistiu em resgatar os fósseis de um local já remexido pelo homem e, por isso, o material estava muito fragmentado. Ela explicou que a população local cavou com máquina um tanque para armazenamento de água e que deixou ao lado o chamado rejeito, ou seja, material descartado. Foi nesse monte de terra que os fósseis foram encontrados.
Carolina, que tem doutorado em Ciências com especialização em Paleontologia, estava acompanhada de duas de suas alunas da UFRB, Daiane Ribeiro dos Santos e Anny Carolinny Gomes, e do também doutor Téo Oliveira, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
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Durante três dias a equipe escavou o local e organizou metodicamente todo o material encontrado. Alguns fósseis, principalmente dentes, possibilitaram a identificação imediata de seis espécies. Essa diversidade foi considerada pelo grupo o maior sucesso da empreitada, pois permitiu conhecer os animais que habitaram aquela região em tempos remotos, de 10 mil a 1,8 milhão de anos.
Esse regate permitirá a realização de trabalhos para a comunidade científica, dando notícia do primeiro registro de fósseis encontrados no município de Guanambi. Esses assuntos são desenvolvidos em revistas e também em congressos de paleontologia.
Dentre as espécies já identificadas, têm destaque um parente já extinto do tatu, reconhecido por pedaços de sua carapaça, e um grupo de cervídeos chamado Artiodáctilo, muito raro de ser encontrado em tanques, em razão da fragilidade de seus fósseis”, explicou Carolina. Uma vértebra de uma preguiça gigante também pôde ser facilmente identificada pelos profissionais. Esse animal, já extinto, podia chegar a até seis metros de altura.
A expectativa é de que, dentro do tanque, possam ser encontrados futuramente mais fósseis e em condições melhores para serem estudados, mas essas buscas somente serão possíveis quando não mais houver água, o que deve acontecer dentro de alguns meses, em razão do período de seca que sempre atinge a região.
Todo o material coletado será entregue à UFRB. Conforme prevê a legislação federal, os bens encontrados em subsolo pertencem à União e devem ser encaminhados para instituições de pesquisa e ensino para que o maior número de pessoas possa ter acesso. Depois de catalogados e identificados com mais precisão, os fósseis estarão disponíveis para todos aqueles que tiverem interesse em conhecer um pouco mais sobre espécies já extintas que viveram na região.
As alunas que puderam acompanhar de perto o resgate dos fósseis se consideram privilegiadas. “Esse tipo de trabalho de campo é muito importante para a minha qualificação como professora e pesquisadora”, disse Daiane, que cursa o último ano de Licenciatura em Biologia.
No próximo mês a equipe deve retornar ao local para realizar mais buscas. Em paralelo às atividades práticas, será iniciado um ciclo de palestras para a população e também para os operários que trabalham na construção da FIOL a fim de que sejam capazes de reconhecer o que é fóssil e saibam de sua importância.
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