A empresa brasileira Progen assinou um acordo de cooperação técnica com o grupo alemão de ferrovias Deutsche Bahn. A parceria permite às companhias a criação de “joint ventures” voltadas a engenharia e investimentos em conjunto. No futuro, as companhias podem até atuar em operação ferroviária.
“O acordo é uma forma de começarmos fazendo estudos, mas que pode permitir lá na frente olhar sob uma ótica não só de engenharia. Pode ser que lá na frente nós possamos fazer operação ferroviária”, afirma Eduardo Barella, presidente da Progen. “A Deutsche Bahn tem uma característica muito importante, que é ser uma das precursoras do modelo do ‘open access’ [que libera diferentes operadores independentes na malha ferroviária]”, diz Barella. Na Alemanha, a companhia detinha o monopólio da malha e da operação. Após mudanças políticas e econômicas no país, a estatal teve de abrir espaço para operadores concorrentes.
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O executivo diz que as companhias já estão estudando o desenvolvimento de operações para clientes no Brasil. “Estamos discutindo com alguns clientes um trabalho em consórcio Progen entre Deutsche Bahn”, diz. Apesar disso, Barella evita dizer especificamente que operações são estudadas. “Estamos olhando trens de passageiros e algumas ferrovias de carga que não estejam no plano do governo [de concessões]”, diz.
Paralelamente à parceria com a companhia alemã, a Progen está autorizada a fornecer estudos para o governo sobre todos os trechos que passarão por futura concessão. São eles: Açailândia (MA) a Barcarena; Anápolis (GO) a Corinto (MG); Belo Horizonte (MG) a Guanambi (BA); Estrela D’Oeste (SP) a Dourados (MS); Sapezal (MT) a Porto Velho (RO); e Sinop (MT) a Miritituba (PA). Nesses trechos, a companhia brasileira já tem uma parceria com a russa RZD para os levantamentos. “A gente não descarta que a Deutsche Bahn também se junte à RZD no programa”, diz Barella.
A atuação em operação de ferrovias no Brasil seria uma novidade para a Deutsche Bahn. Conforme o Valor adiantou em setembro, a companhia alemã articulava uma parceria para virar operadora no país.
A alemã atua hoje no Brasil como consultora e elaboradora de estudos para interessados no setor, mas tem manifestado interesse em expandir a atuação para a operação ferroviária a partir da nova regulamentação para operadores independentes, ainda não concluída pelo governo.
“Quando o marco regulatório do ‘open access’ trouxer a chance de participar na operação, nós obviamente podemos participar”, afirmou ao Valor há cerca de um mês Dieter Michell-Auli, membro do conselho da Deutsche Bahn International. “O Brasil é muito importante para a DB [Deutsche Bahn], especialmente em operações de logística. Queremos continuar a crescer e vemos um futuro brilhante no país”. O executivo afirmou que a participação da empresa como operadora no Brasil seria em parceria com sócios locais. “Não temos todo o ‘know how’ sobre o mercado brasileiro. [Por isso] Estamos definitivamente conversando com vários [potenciais] parceiros”.
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